São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007

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Governar para os pobres é difícil, diz Lula

Presidente afirma na Nicarágua que é mais fácil chegar ao poder que exercê-lo

Biodiesel gera debate entre Ortega e Lula; presidente da Nicarágua critica produção de álcool a partir do milho, mas aceita o óleo de palma

LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A MANÁGUA

No discurso de encerramento de sua visita à Nicarágua, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que é mais fácil chegar ao poder que exercê-lo, sobretudo quando há "incompreensões" e "inimigos muito fortes". Lula, que discursava ao lado do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, falava de sua relação com os sandinistas.
"O tempo passou, descobrimos que muitas vezes é mais fácil ganhar uma eleição, chegar ao poder, do que exercer esse poder, sobretudo quando há incompreensões, quando há inimigos muitos fortes", disse. Lula disse que "a conquista da sociedade não é imediata, quem governa comprometido com a parte mais pobre da população sofre mais, as dificuldades são ainda maiores". No encerramento tocou o hino sandinista e todos gritavam: "O povo unido jamais será vencido". O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, que estava no local, colocou o boné da Frente Sandinista.
Mais cedo, Lula tentou vencer as resistências de Ortega aos biocombustíveis e fez críticas veladas ao venezuelano Hugo Chávez, principal "inimigo" da iniciativa brasileira. Conseguiu aparentemente um recuo do líder sandinista, preocupado em vencer o déficit energético da Nicarágua, responsável por apagões de até sete horas por dia. Ortega mostrou interesse na produção de biodiesel a partir da palma, experiência que o Brasil detém. Na noite anterior, antes do encontro reservado com Lula, Ortega havia descartado a jornalistas brasileiros o interesse nos biocombustíveis. Disse que o problema energético na Nicarágua poderia ser resolvido a partir de recursos hídricos.
A questão energética ilustra uma disputa política na região: Chávez usa o lucro obtido com o petróleo para financiar os vizinhos e liderar a região. Não por acaso, é contra os biocombustíveis. Há menos de cinco meses, o venezuelano fez um giro pela América Central e só à Nicarágua prometeu ajuda de US$ 600 milhões em 2007.
Lula agora assumiu o compromisso de financiar pelo menos uma hidrelétrica no país. Empresas brasileiras podem participar da construção.


Os jornalistas LETÍCIA SANDER e ALAN MARQUES °viajaram trechos na América Central num avião da FAB devido à falta de vôos comerciais em tempo hábil para a cobertura jornalística


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