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Governar para os pobres é difícil, diz Lula
Presidente afirma na Nicarágua que é mais fácil chegar ao poder que exercê-lo
Biodiesel gera debate entre Ortega e Lula; presidente da Nicarágua critica produção de álcool a partir do milho, mas aceita o óleo de palma
LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A MANÁGUA
No discurso de encerramento de sua visita à Nicarágua, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse que é mais fácil chegar ao poder que exercê-lo, sobretudo quando há "incompreensões" e "inimigos muito
fortes". Lula, que discursava ao
lado do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, falava de
sua relação com os sandinistas.
"O tempo passou, descobrimos que muitas vezes é mais fácil ganhar uma eleição, chegar
ao poder, do que exercer esse
poder, sobretudo quando há incompreensões, quando há inimigos muitos fortes", disse.
Lula disse que "a conquista
da sociedade não é imediata,
quem governa comprometido
com a parte mais pobre da população sofre mais, as dificuldades são ainda maiores". No
encerramento tocou o hino
sandinista e todos gritavam: "O
povo unido jamais será vencido". O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia,
que estava no local, colocou o
boné da Frente Sandinista.
Mais cedo, Lula tentou vencer as resistências de Ortega
aos biocombustíveis e fez críticas veladas ao venezuelano Hugo Chávez, principal "inimigo"
da iniciativa brasileira.
Conseguiu aparentemente
um recuo do líder sandinista,
preocupado em vencer o déficit
energético da Nicarágua, responsável por apagões de até sete horas por dia. Ortega mostrou interesse na produção de
biodiesel a partir da palma, experiência que o Brasil detém.
Na noite anterior, antes do
encontro reservado com Lula,
Ortega havia descartado a jornalistas brasileiros o interesse
nos biocombustíveis. Disse que
o problema energético na Nicarágua poderia ser resolvido a
partir de recursos hídricos.
A questão energética ilustra
uma disputa política na região:
Chávez usa o lucro obtido com
o petróleo para financiar os vizinhos e liderar a região. Não
por acaso, é contra os biocombustíveis. Há menos de cinco
meses, o venezuelano fez um
giro pela América Central e só à
Nicarágua prometeu ajuda de
US$ 600 milhões em 2007.
Lula agora assumiu o compromisso de financiar pelo menos uma hidrelétrica no país.
Empresas brasileiras podem
participar da construção.
Os jornalistas LETÍCIA SANDER e ALAN MARQUES °viajaram trechos na América Central num
avião da FAB devido à falta de vôos comerciais
em tempo hábil para a cobertura jornalística
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