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PF abre inquérito para apurar negócio entre Gamecorp e Telemar
Procurador pede investigação para identificar se aporte de R$ 5 mi foi motivado pela presença de Lulinha na empresa
Apuração no Rio ainda está em estágio preliminar e se baseia apenas em notícias da imprensa; investigação pode ser transferida para SP
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
A Superintendência da Polícia Federal no Rio abriu inquérito para investigar suspeita de
tráfico de influência na compra
da Gamecorp pela Telemar por
R$ 5 milhões. Um dos sócios da
Gamecorp é Fábio Luís Lula da
Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Delefaz (Delegacia Fazendária) da Superintendência do
Rio recebeu em outubro do ano
passado uma requisição do procurador da República no Rio
Rodrigo Ramos Poerson determinando a instauração de um
inquérito sobre o caso.
No documento, Poerson pede a investigação para identificar se o "desproporcional aporte de recursos financeiros estaria sendo direcionado à empresa Gamecorp única e exclusivamente em razão de contar com
a participação acionária do filho do presidente da República,
Luiz Inácio Lula da Silva".
A Procuradoria aponta a suspeita de "tráfico de influência"
e cita o correspondente artigo
332 do Código Penal no ofício
246/2006, enviado em outubro
de 2006. O procurador e o Ministério Público não quiseram
comentar o caso. A PF iniciou a
investigação 1267/2007 em 29
de junho deste ano, oito meses
depois do ofício.
O documento enviado pela
Procuradoria baseava-se em
representação da presidência
da Câmara Municipal de Belém
(PA), por iniciativa do vereador
Iran Morais (PMDB), relatando notícias da imprensa sobre o
caso. A Folha não conseguiu
contato com o vereador nem
com a Câmara Municipal de
Belém. A informação sobre a
investigação foi publicada pelo
colunista da revista "Veja" Diogo Mainardi, no site da revista.
A equipe da delegacia federal
do Rio ainda está na fase inicial
de verificações, com pedidos de
informação das empresas à
Junta Comercial do Rio de Janeiro. Tudo está sendo feito de
maneira bastante cautelosa,
tendo em vista o nome de um
dos possíveis investigados.
Segundo a Folha apurou na
PF, ainda não há apuração específica sobre a eventual responsabilidade do filho do presidente Lula, mas sim investigação sobre os dados das empresas Telemar e Gamecorp,
que podem levar à investigação
de pessoas, entre elas Lulinha.
O inquérito foi aberto no Rio,
onde fica a sede da Telemar,
que disse que não comentaria a
investigação. Os policiais aventam a possibilidade de transferir a investigação para São Paulo, sede da Gamecorp.
A Folha apurou que os principais responsáveis pela investigação consideram que o material gerador da abertura do
inquérito não tem informações
relevantes ou substanciais: a
representação se resume a notícias publicadas na imprensa.
No fim de 2004, a Telemar,
maior operadora de telefonia
fixa do país, investiu R$ 5 milhões para virar sócia minoritária da Gamecorp -empresa de
Lulinha. O montante correspondia a 96% do capital social
da empresa (R$ 5,2 milhões).
Oficializado em 2005, o negócio foi intermediado pela
DBO Trevisan, de Antoninho
Marmo Trevisan, amigo do
presidente, que nega ter qualquer relação com a operação.
A Telemar é uma concessionária de serviço público que
tem entre seus sócios uma estatal federal, o BNDES, dona de
25% da operadora. Além do
aporte de R$ 5 milhões, a Telemar gasta anualmente outros
R$ 5 milhões com patrocínio e
produção de programas de TV
da empresa -seis horas diárias
da Play TV (antiga Rede 21, do
grupo Bandeirantes). Inaugurada em 2006, baseia sua programação em música e jogos.
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