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Gerdau defende mudar tributária
Jefferson Bernardes - 1.jun.2001/Folha Imagem
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Jorge Gerdau Johannpeter em seu escritório em Porto Alegre |
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Descontentes com a reforma tributária, os empresários irão promover nesta semana uma série de
reuniões para discutir formas de
mudar o texto no Senado. Hoje,
em Brasília, diversos líderes empresariais irão se encontrar para
traçar uma estratégica comum
pressão no Senado.
Um dos empresários mais ativos é o industrial Jorge Gerdau Johannpeter, 66, presidente da Ação
Empresarial, um influente grupo
de pressão política criado por ele e
cuja principal bandeira sempre
foi a reforma tributária.
Nesta entrevista concedida à
Folha por telefone, na sexta-feira,
de sua casa, em Porto Alegre, Gerdau afirmou que o empresariado
estará em "reunião permanente"
para tentar mudar a reforma no
Senado. Ele acha que há muitos
pontos a serem aprimorados.
Folha - O que o sr. achou da reforma tributária aprovada pela Câmara dos Deputados?
Jorge Gerdau Johannpeter - O
projeto tem alguns avanços, mas
temos que tentar algumas correções que considero muito importantes para melhorar a reforma.
Folha - O que o sr. considerou positivo?
Gerdau - Foi positivo, por exemplo, o fato de a CPMF ter continuado temporária. Também foram positivos a instituição do teto
de 25% para o ICMS e o fim da cumulatividade do Cofins. Mas há
muitos pontos que terão de ser
aprimorados.
Folha - Que pontos seriam esses?
Gerdau - Em primeiro lugar,
acho que deveria constar, como
estava na proposta original da reforma tributária, a redução gradativa da CPMF para os próximos
quatro anos até atingir a alíquota
de 0,08%, em vez de valor fixo que
ficou estabelecido de 0,38%. Do
jeito que está, a CPMF continua
sendo um imposto cumulativo
que fica embutido nos produtos
exportados. No ICMS, além do teto de 25%, o Congresso deveria
manter a obrigatoriedade de uma
incidência média como a que
existe hoje, de 12% a 15%, para
evitar que haja aumento da carga
tributária. A reforma deveria fechar as portas para potenciais aumentos da carga tributária.
Folha -O sr. acha que o Congresso
irá fechar essas portas?
Gerdau - Nos últimos dez anos, o
Brasil sofreu um aumento da carga tributária de 22% do PIB para
36% do PIB sem ninguém ter perguntado à população se ela queria
ou não que isso acontecesse. O
Congresso existe para defender o
contribuinte, e não para atender o
Executivo. Essa é uma tese um
pouco agressiva, mas foi o contribuinte que elegeu o Congresso.
Folha - Por que o sr. acha que não
há essa consciência?
Gerdau - É uma questão de cultura histórica. O próprio contribuinte não reclama da carga tributária porque não sabe quanto
paga de imposto no país. O imposto no Brasil é escondido.
Folha - O que o sr. considera fundamental para mudar no projeto?
Gerdau - Uma peça chave reivindicada pelo empresariado é a desoneração tributária dos bens e
produtos destinados à produção.
No mundo inteiro, não se tributam os bens de capital. Esses impostos, na reforma tributária
aprovada pela Câmara, caíram
pela metade para os bens de capital, mas ainda não é suficiente. O
Brasil deveria zerar os impostos.
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