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São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2003

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Gerdau defende mudar tributária

Jefferson Bernardes - 1.jun.2001/Folha Imagem
Jorge Gerdau Johannpeter em seu escritório em Porto Alegre


GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Descontentes com a reforma tributária, os empresários irão promover nesta semana uma série de reuniões para discutir formas de mudar o texto no Senado. Hoje, em Brasília, diversos líderes empresariais irão se encontrar para traçar uma estratégica comum pressão no Senado.
Um dos empresários mais ativos é o industrial Jorge Gerdau Johannpeter, 66, presidente da Ação Empresarial, um influente grupo de pressão política criado por ele e cuja principal bandeira sempre foi a reforma tributária.
Nesta entrevista concedida à Folha por telefone, na sexta-feira, de sua casa, em Porto Alegre, Gerdau afirmou que o empresariado estará em "reunião permanente" para tentar mudar a reforma no Senado. Ele acha que há muitos pontos a serem aprimorados.
 

Folha - O que o sr. achou da reforma tributária aprovada pela Câmara dos Deputados?
Jorge Gerdau Johannpeter
- O projeto tem alguns avanços, mas temos que tentar algumas correções que considero muito importantes para melhorar a reforma.

Folha - O que o sr. considerou positivo?
Gerdau
- Foi positivo, por exemplo, o fato de a CPMF ter continuado temporária. Também foram positivos a instituição do teto de 25% para o ICMS e o fim da cumulatividade do Cofins. Mas há muitos pontos que terão de ser aprimorados.

Folha - Que pontos seriam esses?
Gerdau
- Em primeiro lugar, acho que deveria constar, como estava na proposta original da reforma tributária, a redução gradativa da CPMF para os próximos quatro anos até atingir a alíquota de 0,08%, em vez de valor fixo que ficou estabelecido de 0,38%. Do jeito que está, a CPMF continua sendo um imposto cumulativo que fica embutido nos produtos exportados. No ICMS, além do teto de 25%, o Congresso deveria manter a obrigatoriedade de uma incidência média como a que existe hoje, de 12% a 15%, para evitar que haja aumento da carga tributária. A reforma deveria fechar as portas para potenciais aumentos da carga tributária.

Folha -O sr. acha que o Congresso irá fechar essas portas?
Gerdau
- Nos últimos dez anos, o Brasil sofreu um aumento da carga tributária de 22% do PIB para 36% do PIB sem ninguém ter perguntado à população se ela queria ou não que isso acontecesse. O Congresso existe para defender o contribuinte, e não para atender o Executivo. Essa é uma tese um pouco agressiva, mas foi o contribuinte que elegeu o Congresso.

Folha - Por que o sr. acha que não há essa consciência?
Gerdau
- É uma questão de cultura histórica. O próprio contribuinte não reclama da carga tributária porque não sabe quanto paga de imposto no país. O imposto no Brasil é escondido.

Folha - O que o sr. considera fundamental para mudar no projeto?
Gerdau
- Uma peça chave reivindicada pelo empresariado é a desoneração tributária dos bens e produtos destinados à produção. No mundo inteiro, não se tributam os bens de capital. Esses impostos, na reforma tributária aprovada pela Câmara, caíram pela metade para os bens de capital, mas ainda não é suficiente. O Brasil deveria zerar os impostos.


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