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São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2003

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DIPLOMACIA

Secretário-assistente de Estado diz esperar que brasileiro defenda democracia ao visitar Cuba no final do mês

EUA pedem que Lula cobre liberdade a Fidel

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O secretário-assistente de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental, Roger Noriega, disse ontem esperar que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, faça uma defesa da democracia e da liberdade em Cuba quando visitar o ditador Fidel Castro no final deste mês.
Em sua primeira exposição pública desde que assumiu o cargo, Noriega afirmou também que Lula poderá ter uma nova "chance" para ajudar os EUA e outros países no Iraque no momento da discussão de uma nova resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Sobre outros países da América Latina, o secretário-assistente de Estado defendeu que o FMI (Fundo Monetário Internacional) seja mais "flexível e razoável" com a Argentina e afirmou, em relação à Venezuela, que os EUA "se preocupam com qualquer ato que ameace o povo" daquele país.
Referindo-se à região latino-americana como um todo, Noriega disse que a "ineficiência e a corrupção" continuam sendo alguns dos principais problemas.
"Muitos líderes eleitos enfrentam problemas políticos e economias que não crescem. A ineficiência e a corrupção são os grandes problemas. Está nas mãos de nossos vizinhos o desafio de enfrentar esses obstáculos", disse.
Comentando a visita que o presidente brasileiro deverá fazer a Cuba logo depois de discursar no dia 22 próximo na abertura da Assembléia Geral da ONU, em Nova York, Noriega afirmou:
"Lula tem muita credibilidade na defesa da liberdade e de direitos trabalhistas, enquanto Fidel vem se opondo a tudo isso durante toda a sua vida. Lula poderia ser uma voz poderosa de apoio a direitos essenciais, e espero que aproveite a oportunidade de visitar Cuba para interagir com outras pessoas, pois Fidel não está sozinho naquela ilha", disse.
Noriega é um conhecido opositor de Fidel Castro e foi indicado pelo presidente George W. Bush para o cargo em janeiro passado, depois de o posto ter ficado vago por mais de quatro anos. Seu nome foi aprovado pelo Senado norte-americano há poucos dias.

Iraque
Comentando a posição contrária do governo brasileiro em relação à guerra no Iraque, Noriega afirmou que "um líder moral (como Lula) e uma potência global (como o Brasil) devem desempenhar um papel importante no debate que pretende forjar um futuro melhor para o Iraque".
Ressaltando a política que qualifica como ""compaixão conservadora" do governo Bush, Noriega disse esperar que a Argentina "feche um acordo com o FMI para voltar a atrair capital e tornar a sua recuperação mais sustentável". "A Argentina é um bom amigo na região e o momento é auspicioso para a obtenção de um acordo. O FMI deve ser mais flexível e razoável neste momento, pois há muito em jogo", disse o secretário-assistente de Estado.
Assim como todos os outros funcionários do governo Bush que falam sobre a região, Noriega defendeu a realização da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) como o principal "caminho para combater a pobreza e as desigualdades na região".


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