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Carta de FHC é golpe contra Alckmin, avaliam tucanos
Nos bastidores, grupo ligado ao candidato acha que ex-presidente já pensa no pós-2006
Ex-governador disse apenas que considerou a carta "correta" nas críticas ao PT; Serra, por sua vez, afirmou não ter lido o texto de FHC
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O comando da campanha do
candidato do PSDB ao Palácio
do Planalto, Geraldo Alckmin,
enxergou na carta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso um gesto que aponta para
o cenário político pós-2006 e,
nas entrelinhas, rifa o tucano
da disputa presidencial em curso, dando como praticamente
certa a reeleição do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já
no primeiro turno.
Apesar de FHC ter dedicado
elogios a Alckmin e atacado duramente a gestão Lula, a "Carta
aos Eleitores do PSDB" abriu
nova crise na campanha do presidenciável tucano, 24 pontos
atrás do petista, segundo pesquisa Datafolha desta semana.
Reservadamente, o candidato e seu grupo político avaliaram que o ex-presidente agiu
deliberadamente para manter
o espaço privilegiado na cúpula
do partido e não teve grandes
pretensões de influir no resultado da disputa ainda em curso.
De imediato, na opinião de
Alckmin e de seu grupo, FHC,
com o texto, estaria deixando
claro que não pretende abrir
mão da posição de principal voz
entre os tucanos, conquistada
com as duas vitórias em 1994 e
1998 à Presidência, e não aceitará, pelo menos não sem colocar empecilhos, uma negociação com Lula e o PT em torno
de uma coalizão.
No entanto, caso Alckmin
cresça nas pesquisas e chegue
ao segundo turno, o ex-presidente poderá dizer que seus
ataques a Lula o ajudaram.
À noite, em Fortaleza, Alckmin se limitou a dizer que
achou a "carta correta" no que
diz respeito às críticas ao PT.
"O Brasil no governo do PT vive
uma crise moral grave."
2010 no horizonte
A posição do ex-presidente
enfraquece o governador de
Minas, Aécio Neves, entusiasta
de um diálogo entre PSDB e PT.
Como José Serra, candidato em
São Paulo, e o mineiro podem
ser eleitos já no primeiro turno,
o grupo mais próximo a FHC
teme que os dois polarizem as
discussões e o debate com Lula.
Outro aspecto que desagradou o grupo de Alckmin foram
as críticas de FHC à política de
segurança pública do governo
paulista, um dos pontos mais
vulneráveis de sua campanha.
"Não li"
Serra se recusou a comentar
a carta. Mas disse: "O ex-presidente Fernando Henrique é
um homem de peso no partido,
meu amigo. Todas as opiniões
dele têm muita importância.
Mas só comento o que eu li".
O candidato a vice na chapa
de Alckmin, José Jorge (PFL),
que era ministro de Minas e
Energia na época do apagão,
chamou de "detalhe" a constatação, feita pelo ex-presidente,
de que seu governo fracassou
no setor elétrico. "O que importa é o ponto central da carta. O
chamamento à sociedade."
José Jorge também refutou a
análise de que o texto de FHC
praticamente dá como certa a
reeleição de Lula. "É uma reação no momento certo."
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