São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008

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Ex-agente do SNI nega grampo ilegal

Francisco Ambrósio, que ajudou a PF na Satiagraha, refuta escutas de congressistas

Aposentado do órgão que virou Abin depôs na PF após denúncia de que também teria grampeado ministros e autoridades do Judiciário


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O agente aposentado do SNI (Serviço Nacional de Informações) Francisco Ambrósio do Nascimento foi ouvido pela Polícia Federal no sábado e negou ser responsável por supostas escutas que, segundo a revista "IstoÉ", grampearam ilegalmente 18 senadores, 26 deputados, ministros e autoridades do Judiciário. Ele estava em um evento familiar fora de Brasília quando recebeu a convocação.
Apresentou-se como uma espécie de coordenador dos agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) que participaram da Operação Satiagraha e disse, segundo a Folha apurou, que a atuação da agência se resumiu a cerca de oito pessoas, entre São Paulo, Rio e Brasília.
Sua participação foi pedida pessoalmente pelo delegado Protógenes Queiroz, ex-coordenador da Satiagraha, ao então diretor-adjunto da Abin José Milton Campana. Quando da consulta, o então diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, estava em viagem. Contatado por telefone, Lacerda assentiu.
O serviço mais comum dos agentes era descobrir quem morava em endereços fornecidos pela PF, o que o grupo conseguia facilmente graças aos contatos mantidos em companhias telefônicas, de água e luz.
No Rio, foram destacados para monitorar a casa de Daniel Dantas e a sede do Opportunity. Anotavam as placas dos veículos que chegavam e enviavam as informações à PF, que as triava e dava o destino desejado, já que dados colhidos pela Abin não têm validade jurídica para integrar inquérito. Segundo Ambrósio, a troca de informações era mínima e eles souberam pela TV que Naji Najas e Celso Pitta eram alvos da PF.
Nélio Machado, advogado de Daniel Dantas, disse que o fato de Ambrósio ter admitido sua participação na Satiagraha dá à defesa elementos suficientes para questionar a operação: "É algo que estamos estudando, mas que poderá ser feito por meio de habeas corpus, direito de petição ou questionamento da competência do juiz".
Relatório parcial da Polícia Legislativa do Senado disse que o grampo da conversa entre o senador Demóstenes Torres (DEM) e o presidente do STF, Gilmar Mendes, foi feito fora da Casa. O laudo definitivo será entregue após a PF concluir o caso. (ANDRÉA MICHAEL)


Colaborou a Sucursal do Rio


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