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Serra lança títulos para investir mais em 2010
Ideia é antecipar R$ 900 mi com venda de papéis lastreados em créditos do governo
Recursos serão destinados a investimentos do Estado em ano eleitoral; projeto não põe em risco pagamento de dívidas, declara governo
CATIA SEABRA
JOSÉ ERNESTO CREDENCIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Atrás de recursos para sua
ambiciosa meta de investimentos em meio à crise, o governador de São Paulo, José Serra,
enviou à Assembleia Legislativa projeto que permite emissão
e venda de títulos no mercado
para antecipação de cerca de
R$ 900 milhões em créditos
que tem a receber.
Inspirado no modelo adotado no Rio Grande do Sul, o projeto possibilita que o governo
receba, ainda este ano e de uma
só vez, créditos cujo o pagamento seria diluído em até dez
anos. Com a medida, o Estado
antecipará, por exemplo, o recebimento de dívidas que, no
ano passado, foram parceladas
dentro do PPI (Programa de
Parcelamento do Incentivado).
Os recursos serão destinados
ao programa de investimentos
do Estado em 2010. O governo
planeja investir R$ 42,5 bilhões
entre 2009 e 2010.
Segundo projeto na Assembleia, a antecipação de recebíveis requer a criação de uma
empresa (uma sociedade de
propósito específico), controlada pelo Estado, a qual será cedido o direito a créditos com previsão de pagamento parcelado.
Esse ativo -chamado de "direitos creditórios"- servirá como garantia para a emissão de
títulos. Ou seja: essa empresa
vende hoje as debêntures sob a
promessa de que resgatará os
papéis à medida que o contribuinte pague as parcelas da dívida com Estado, sejam tributárias ou não.
Para obter adiantamento, o
governo, no entanto, cobrará
menos do que receberia ao final
do parcelamento. Os papéis serão avaliados segundo seu valor
de face - descontado o juro de
1% mensal aplicado às prestações - para que fiquem atraentes ao mercado.
"É a venda de fluxo futuro
por valor presente", explicou o
secretário da Fazenda, Mauro
Ricardo Costa.
Segundo o secretário, a ideia
é que apenas metade das debêntures seja lançada em mercado. O restante ficará com o
governo para lastrear as operações da empresa. Para evitar
problemas legais, o projeto ressalta que a cobrança das dívidas
tributárias continuará a cargo
da Procuradoria do Estado.
"Não estamos transferindo a
propriedade dos créditos. Mas
apenas cedendo o direito de recebimento. Se o contribuinte
não pagar, quem cobra é o Estado", afirmou Mauro Ricardo.
No Rio Grande do Sul, o Estado é acionado quando o contribuinte deixa de pagar a prestação por dois meses. Segundo o
presidente da Caixa de Administração da Dívida Pública do
RS, Leonildo Migon, lá as operações se restringem a direitos
creditórios do ICMS. Em São
Paulo, porém, o conceito será
mais amplo.
Como é proibida a antecipação de receitas no país, o texto
explicita que as operações se
restringem a dívidas passadas.
No ano passado, o governo renegociou cerca de R$ 7,8 bilhões. Excluída a parte que cabe
aos municípios, teria direito a
R$ 4,2 bilhões, dos quais cerca
de R$ 2 bilhões pagos à vista.
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