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Ministro critica mudança de índice rural
Stephanes discorda de promessa feita ao MST sobre alterações em regras para desapropriação de terras
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em audiência ontem no Senado, o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) atacou a
produção dos assentamentos,
expôs sua conflituosa relação
com o colega Carlos Minc
(Meio Ambiente) e criticou a
promessa do presidente Lula
de atualizar neste momento os
índices agropecuários usados
na desapropriação de áreas para a reforma agrária.
As declarações de Stephanes
ocorrem no momento em que é
pressionado por sua base política. A bancada do PMDB na
Câmara e os demais parlamentares ruralistas querem pressa
do governo na definição por
mudanças na legislação ambiental (hoje muito restritiva,
segundo eles) e, por outro lado,
pressionam o ministro para
que não assine a portaria que
atualiza os índices que medem
a produtividade de áreas passíveis de desapropriação.
"Isso [atualização dos índices] tem que ser um debate técnico. Só que, neste momento,
até o debate técnico é inadequado. Deveríamos estar debatendo o que precisamos para
manter a produção".
A atualização dos índices é
uma promessa de Lula feita em
2005 ao MST. No mês passado,
Lula voltou a prometê-la, dando um prazo máximo de 15 dias,
o que não ocorreu. A nova versão dos índices, assinada pelo
ministro Guilherme Cassel
(Desenvolvimento Agrário) e
no aguardo da canetada de Stephanes, é fruto de um trabalho
técnico dos dois ministérios.
A promessa de Lula causou
reação de produtores rurais e
da bancada ruralista. Argumentam que a atualização não
cabe num momento de crise,
pois teriam de produzir mais.
"Eu já estou concordando
que o momento não é adequado [para atualizar os índices]",
afirmou o ministro, que promete levar essa avaliação ao
presidente em duas semanas.
Na mesma audiência, Stephanes criticou a produção dos
assentamentos da reforma
agrária e atacou o colega Minc.
"O debate com o Ministério
do Meio Ambiente tem sido tão
difícil que esse programa eu
prefiro implantar sozinho, pra
mostrar que temos condições
de chegar ao desmatamento zero, sem precisar fazer caça ao
boi pirata", afirmou, numa referência à ação de Minc que
apreendeu bois em áreas com
desmatamento ilegal.
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