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ALAGOAS
Collor diz ver uso "despudorado" da máquina no Estado
MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ
Numa entrevista na qual muitos
entrevistadores eram funcionários do grupo de mídia da própria
família do entrevistado, o ex-presidente Fernando Collor de Mello
(PRTB) afirmou ontem que a
"utilização despudorada" das
máquinas administrativas foi decisiva para sua derrota na eleição
ao governo de Alagoas.
Collor citou a Prefeitura de Maceió, o Estado, dirigido pelo governador reeleito Ronaldo Lessa
(PSB), e o governo federal. Disse
que o presidente Fernando Henrique Cardoso pediu por telefone
para um deputado abandoná-lo.
O ex-presidente obteve 40,2%
dos votos válidos, contra 52,9%
de Lessa. Collor disse que vai morar em Alagoas, onde fará oposição. E que pensa "oferecer o nome à Presidência" -da qual foi
afastado por impeachment em
1992- depois de 2006.
Na sua opinião, o primeiro governo FHC foi ""excelente". O segundo, ""claudicou demais". Entre
Lula e Serra, no segundo turno
presidencial, ainda não decidiu:
"Está difícil".
Collor disse não considerar que
os eleitores tenham julgado sua
passagem pelo Planalto: ""Esse juízo já foi feito. Acredito que o tempo seja o senhor da razão e continue sendo".
Sobre a cobertura jornalística da
eleição alagoana, afirmou que
"chamou atenção a nacionalização da campanha". O objetivo seria ""pressionar a população para
se sentir intimidada". Collor foi o
único ex-presidente a se candidatar neste ano.
As Organizações Arnon de Mello, grupo de mídia dos Collor (ele
se diz ""cotista, acionista"), fizeram uma cobertura radicalmente
partidarizada no jornal ""Gazeta
de Alagoas" e na rádio Gazeta
AM. A exceção foi a TV Gazeta,
que passou a ter controle jornalístico da TV Globo, da qual é afiliada, e teve equilíbrio.
"A cobertura foi, dentro do possível, isenta", disse Collor. ""A mídia impressa é mais opinativa que
a TV. A rádio, também. Em qualquer jornal do Brasil vai sempre
existir aqueles que vão dizer que
aquele jornal está partidarizado...
A própria Folha. Está aí o ombudsman [da Folha], para isso
que ele existe. Ele vem sendo muito crítico: forçou a mão a favor da
candidatura tal, deu mais espaço à
candidatura "a", "b", ou "c"."
No dia 29 de setembro, a primeira página da ""Gazeta" publicou oito chamadas sobre mazelas
de Alagoas. Em 3 de outubro, a
manchete foi ""Debate expõe fracasso de Lessa". Na campanha, a
rádio atacou duramente o governador, agindo como instrumento
do dono.
"Na campanha da Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo
[2000], as primeiras páginas vinham recheadas de críticas ao
prefeito de então, o senhor Celso
Pitta", disse Collor. "Nem por isso
a gente pode dizer que a Folha
adotava uma postura favorável a
Marta Suplicy."
Na entrevista, várias perguntas
de jornalistas das empresas de
Collor, objetivamente, ""levantavam a bola" do entrevistado.
Prisões
A polícia descartou que quatro
gaúchos presos anteontem em
Maceió por suspeita de estelionato e formação de quadrilha
-portavam talões de cheques,
cartões e documentos falsos- tenham cometido crime eleitoral.
Um deles é filiado ao PRTB, partido de Collor. Os quatro, três homens e uma mulher, chegaram
quarta-feira a Alagoas. Estiveram
com o ex-presidente, com quem
tiraram fotos.
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