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ELEIÇÕES 2006 / ESTADOS
Nanicos crescem e encolhem bancadas de PT, PSDB e PFL
Dez siglas, como PV e PHS, ampliaram em 64 o número de seus filiados no Legislativo comparado com o que têm hoje
Para analistas, decepção com PT fez vários eleitores "órfãos da esquerda", e escândalos afetaram as legendas mais tradicionais
THIAGO REIS
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
Dez partidos considerados
nanicos ganharam, nestas eleições, 64 cadeiras a mais do que
possuem hoje nas Assembléias
Legislativas do país, encolhendo as bancadas das grandes legendas (PT, PSDB e PFL). Só o
PMDB ganhou um deputado e
foi para 166.
Dentre os grandes, o PT foi o
partido que mais perdeu vagas
nos Legislativos estaduais: 12.
Hoje, tem 138 parlamentares.
Em 2007, terá 126. O PFL perdeu sete (de 126 para 119); o
PSDB, três (de 151 para 148).
Os dez partidos que ampliaram seus representantes por
todo o país são PRP, PTN, PAN,
PT do B, PHS, PRTB, PSC,
PSDC, PTC e PV.
Para o analista político Marco Antonio Teixeira, da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas),
uma das principais causas para
a votação expressiva nos partidos nanicos foi o esforço deles
em romper a cláusula de barreira. "Houve uma priorização
no sentido de tentar fazer o
maior número de parlamentares possível para sobreviver."
Segundo ele, no entanto,
houve também os "puxadores
de votos". Ele cita o caso de
Fernando Gabeira (PV), que foi
o deputado federal mais bem
votado do Rio, mas que pediu e
conseguiu votos para deputados estaduais de São Paulo.
O PV, aliás, foi o que mais
cresceu entre os partidos pequenos. Ganhou 20 novos deputados estaduais em dez Estados. Em sete deles, o partido
não possui nem sequer um representante hoje.
"Houve uma campanha ostensiva para aumentar o voto
na legenda. Além disso, muita
gente ficou órfã da esquerda,
decepcionada com o que o PT
fez. É normal que os votos da
centro-esquerda migrem para
o PV", diz o cientista social
Claudio Couto, da PUC-SP.
Os dois concordam ainda que
os últimos escândalos afetaram
de fato os grandes partidos.
"O mensalão, os sanguessugas e a não-cassação dos parlamentares contribuem para um
desgaste muito grande da classe política. Quem tende a ser
mais atingido por esse tipo de
coisa são os partidos de maior
visibilidade", diz Couto.
O PMDB foi o único que quase manteve o número de deputados estaduais -ganhou um.
Para Teixeira, isso ocorreu porque o partido não tem "identidade". "Não dá para saber onde
ele é situação e onde é posição."
Os dez partidos pequenos
que ganharam as cadeiras não
conseguiram ultrapassar a
cláusula de barreira. Mas a tendência é a fusão. O PAN, por
exemplo, já se uniu ao PTB.
"O eleitor, do ponto de vista
da identidade partidária, acaba
assimilando muito mais a pessoa do que o partido. Ele votou
nos [candidatos do] Peroba e
não no PAN", afirma Teixeira.
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