São Paulo, segunda-feira, 09 de outubro de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Conflito, afinal

Para uma breve avaliação do debate, registre-se que foi agressivo como nunca, com os dois lados chegando a extremos nas acusações e críticas -e abriu o jogo para um segundo turno de contraste, de conflito claro, como só era possível assistir nas campanhas dos EUA.
Até de Previdência se falou, ainda superficialmente.
 
Sobre Geraldo Alckmin, se havia temor de que ele não se mostrasse "incisivo", como declarou FHC à BBC, na primeira pergunta ele já derrubou. Foi ao ataque, ofensivo como não se conhecia, e assim se manteve nos blocos seguintes, só caindo nos finais. Chegou a beirar a arrogância, porém, nos adjetivos empostados com desprezo teatral, o que até buscou mitigar, chamando Lula de arrogante. Por outro lado, falou demais de SP -e pouco de Nordeste e do resto.
Lula, de sua parte, agüentou o tranco. Foi tenso nos primeiros blocos, voltados inteiramente ao dossiê e aos casos de corrupção, mas respondeu e até deixou mensagens de troco. Só foi sair das cordas, porém, quando entrou em questões de programa, quando não parou de falar de FHC. Ainda assim, a questão ética voltou o tempo todo a assombrá-lo. Por outro lado, mal se dirigiu ao espectador, sabidamente seu forte.
 
Registre-se que desta vez as perguntas feitas pelos jornalistas da Band não deram trégua a Lula. E que nos vários sites, em "live blogging" ou não , a avaliação geral foi de que o tucano levou este primeiro debate, ao menos por lançar um Alckmin que não se conhecia.

FHC LÁ

Gorka Lejarcegi-elpais.es


FHC fala ao mundo, após esgotar entrevistas no Brasil. Ao correspondente da BBC, opinou que Lula corria risco no debate de ontem "porque confunde dados [por] ficar muito excitado com a própria glória". Ao "El País", em longa entrevista, disse que progressistas espanhóis só têm boa imagem de Lula "porque sabem menos do que nós", brasileiros. E que o Brasil perdeu a liderança regional. Ao "La Nación", disse que "Lula é um caudilho peronista mais do que chavista".

GERALDO LÁ
O correspondente do "Financial Times" se pergunta, no site, se "Geraldo vai se mostrar à altura do desafio?" e sublinha que para vencer ele precisa do "apoio sólido", "de todo o coração", dos tucanos.
Já Andres Oppenheimer, no "Miami Herald", destaca que a "vitória de Alckmin não está mais fora das cartas" e "teria impacto na América Latina, região que tende a trocar de ideologias em uníssono".

LULA LÁ
Alvaro Vargas Llosa, no "Wall Street Journal", diz que o segundo turno foi forçado pela corrupção, "um problema institucional". E arrisca que Lula "é ainda o favorito".

ERA PENTECOSTAL
Sexta, o "NYT" deu que pesquisa Pew em dez países mostrou como os cristãos pentecostais/carismáticos crescem "e são mais engajados politicamente do que se pensava".
No Brasil, com a pesquisa restrita a centros urbanos, a proporção já seria de 49%.

SOB PRESSÃO
E seguem as reportagens de biocombustíveis. Em longo texto no "NYT" e caderno no "Le Monde", a admissão de que "os políticos" abraçam a idéia reagindo à pressão de lobbies rurais, mais o registro de que a vanguarda é do Brasil -onde Lula quer o biodiesel para viabilizar, sob pressão, a chamada agricultura familiar.

"POPULISTA"

Joe Sharkey, do "NYT", que estava no Legacy que se chocou na Amazônia, voltou a soltar o verbo, à BBC:
- Lamento pelos pilotos, porque tive a sensação de que a história não iria acabar bem. Senti hostilidade nas perguntas... Não sei se os pilotos tiveram culpa. Talvez seja do controle de tráfego aéreo deficiente...
Criticou a cobertura "populista" que, diz ele, estaria tratando o acidente como provocado por "capitalistas vadiando pelo espaço aéreo e matando 155 pessoas".


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@ - Nelson de Sá


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