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Senadores pedem abertura de 5º processo contra Renan
Representação menciona espionagem contra colegas e o acusa de abusar do cargo
Servidores da Casa teriam reunido, a pedido de Renan, todas as notas apresentadas por senadores em 2006 para ressarcimento de verbas
SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com apoio de senadores governistas e da oposição, PSDB e
DEM levarão hoje à Mesa Diretora do Senado requerimento
de abertura do quinto processo
de cassação do presidente da
Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), por quebra de decoro.
A representação acusa Renan de "abuso da prerrogativa
de presidente" da Casa para interferir no andamento dos processos contra ele no Conselho
de Ética e menciona a denúncia
de arapongagem contra Demóstenes Torres (DEM-GO) e
Marconi Perillo (PSDB-GO).
Além da denúncia de arapongagem, a Folha apurou que servidores do Senado, a pedido de
Renan, teriam levantado todas
as notas fiscais apresentadas
pelos senadores em 2006 para
ressarcimento de verbas indenizatórias. Além disso, teriam
pedido os nomes dos funcionários contratados pelos parlamentares com o objetivo de encontrar casos de nepotismo.
Em meio a esse clima de denúncias e dossiês, senadores de
oposição falavam ontem em
um "levante" para tirar Renan
da presidência. A avaliação é
que, com o apoio de parte da
bancada do PT, que seguiria
Aloizio Mercadante (PT-SP) e
Eduardo Suplicy (PT-SP), e do
PMDB, ligada a Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), a base de
Renan está enfraquecida.
"Vamos fazer um verdadeiro
levante contra o presidente do
Senado", disse Jarbas, tirado
da Comissão de Constituição e
Justiça junto de Pedro Simon
(PMDB-RS) numa articulação
de Renan. "Neste momento há
um movimento suprapartidário em defesa do Senado, e essa
defesa passa pelo afastamento
de Renan", disse Mercadante.
Aliados de Renan admitiam
reservadamente que, em cinco
meses de crise, sua situação
nunca foi tão delicada. A avaliação é que ele perdeu respaldo
na bancada do PMDB e no PT
com a manobra que derrubou
Jarbas e Simon e, se tivesse que
enfrentar o plenário novamente, hoje não se safaria tão fácil.
O DEM chegou a hesitar em
assinar a representação em
conjunto com os tucanos por
dois motivos: 1) tiraria o foco
do líder da sigla, José Agripino
Maia (RN), cujo filho também
teria sido alvo de espionagem
de Renan; 2) abriria uma brecha para que um senador do
DEM pudesse ser o relator do
processo no Conselho de Ética.
Diante do impasse, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), assumiu a dianteira:
"Vamos entrar com a quinta
representação imediatamente.
Não dá mais, acabaram as condições. Isso aqui virou o centro
da patifaria e da canalhice. A
Casa se voltou contra o Renan,
o que existe é só uma tropa de
choque ao lado dele, que é pouca, barulhenta e malvista".
Nos bastidores, aliados de
Renan dizem que ele teria um
dossiê completo contra 11 senadores de oposição com supostas irregularidades nas despesas da verba de gabinete
-como uso de notas frias. Um
dos alvos seria a futura relatora
da emenda da CPMF, Kátia
Abreu (DEM-TO).
O diretor-geral do Senado,
Agaciel Maia, divulgou nota negando que funcionários da Secretaria de Fiscalização e Controle da Casa estariam trabalhando a pedido de Renan: "Os
funcionários do Senado têm
seu procedimento administrativo regulado por lei, sem qualquer espaço para ações informais, não previstas no quadro
de funções administrativas".
O estopim da representação
que será apresentada hoje é a
denúncia de que usou seu assessor Francisco Escórcio para
flagrar Demóstenes e Perillo
pegando carona em jatos de
empresários. Aliados de Renan
tentaram desvinculá-lo da suposta ação de Escórcio. "Ele
não tem perfil para isso nem o
suposto autor insanidade intelectual para propor", disse Gilvam Borges (PMDB-AP).
Após o arquivamento do caso
Mônica Veloso, Renan ainda é
alvo de três processos no Conselho de Ética. Um deles, sobre
o uso de laranjas para comprar
rádios, segue parado porque o
presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO),
até hoje não indicou o relator.
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