São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

"Dissimulado", Kassab quer passar verniz, afirma Marta

Petista diz que sempre esteve com Lula e que prefeito se refugia "sob as asas" de Serra

Ex-prefeita mira eleitorado tucano e cita situações em que PT e PSDB se apoiaram contra Maluf, enquanto o DEM estava do lado oposto


CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Marta Suplicy (PT) subiu o tom contra Gilberto Kassab (DEM) e afirmou ontem que Geraldo Alckmin (PSDB), candidato derrotado no primeiro turno da sucessão paulistana, estava certo quando chamou o prefeito de "dissimulado".
Ela acusou Kassab de ficar anos ao lado do malufismo e, agora, tentar passar "um verniz" em sua imagem e se abrigar "sob as asas" do governador José Serra (PSDB), patrocinador de seu projeto reeleitoral.
A petista afirmou ainda que, após deixar a Secretaria de Planejamento do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (1997-2001), Kassab não se desvinculou de sua gestão. Ela acusou o atual prefeito de "organizar um movimento" contra o impeachment de Pitta, em 2000.
De olho no eleitorado tucano, Marta fez questão de citar dois momentos em que PT e PSDB estiveram juntos: 1998, quando ela, derrotada no primeiro turno da sucessão estadual, apoiou Mario Covas contra Paulo Maluf (PP) no segundo turno; e 2000, quando Alckmin, derrotado no primeiro turno da sucessão municipal, apoiou sua candidatura, também contra Maluf.
As citações foram escolhidas a dedo: nas duas situações, Kassab ou líderes do DEM (ex-PFL) estavam do lado oposto.
"Nós somos duas candidaturas com trajetórias muito diferentes. A minha tem transparência absoluta. Sempre fui parceira do presidente Lula. Quando fui candidata a governadora deste Estado, depois dei o apoio a Mario Covas. Quando fui candidata a prefeita, recebi o apoio de Alckmin e Mario Covas. Tenho uma trajetória absolutamente clara", afirmou Marta, durante visita pela manhã a Santo Amaro, na zona sul.
"O outro lado vai explicar sua trajetória e de que lado estava. O importante é o que significa você estar de um lado ou de outro. Estou do lado onde sempre estive, onde batalho para que este país possa ter uma diminuição da desigualdade", disse.

No ar
As declarações mais fortes de Marta, porém, foram dadas à noite, durante o programa "Brasil Urgente", de José Luiz Datena, na TV Bandeirantes.
"O Alckmin estava certo quando chamou ele de dissimulado", afirmou a petista, listando o histórico de apoios de Kassab ao malufismo. "Agora [ele] passa um verniz em cima, as pessoas não pensam bem de que partido é, [ele] se abriga nas asas e no verniz que o Serra põe, e as pessoas esquecem que esse homem tem biografia: esteve junto com o Pitta", disse.
Marta seguiu à risca a tática de sua campanha: "Quem quebrou essa cidade foi Pitta, ele [Kassab] era o secretário de Planejamento de Pitta. Ele diz "mas eu fiquei pouco e saí". Ele saiu para se candidatar a deputado federal e o DEM, que é o antigo PFL, ficou [no governo] os quatro anos", disse a petista.
Em seguida, ela acusou Kassab de atuar nos bastidores a favor do ex-prefeito. "Quando o Pitta quase sofreu impeachment, ele que organizou o movimento contra", afirmou.

Brecha
A estratégia de associar Kassab ao malufismo (que enfrenta grande rejeição atualmente no município) foi muito usada por Alckmin no primeiro turno.
No caso de Marta, há uma brecha, sempre usada por seus adversários: no segundo turno de 2004, quando a petista tentava reeleição contra Serra -Kassab era o vice do hoje governador-, Maluf declarou apoio a sua candidatura.


Texto Anterior: Eleições 2008: Lula irá apenas aonde houver disputa entre base e oposição
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.