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Polícia vai pedir prisão de sete sem-terra
Delegado afirma que já foram identificados integrantes do MST que atuaram na invasão de fazenda da multinacional Cutrale
Depois da saída do MST, houve denúncias de furtos e destruição; movimento diz que houve "armação para denegrir" sua imagem
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
A Polícia Civil de Borebi (311
km de SP), responsável pelo inquérito que apura crimes relacionados à invasão do MST na
fazenda da multinacional Cutrale, disse ontem que vai indiciar e pedir a prisão temporária
de integrantes do movimento.
Sete deles já foram identificados, sendo três líderes.
A fazenda havia sido invadida
por 250 famílias ligadas ao
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em
28 de setembro e só foi desocupada anteontem, após decisão
judicial de reintegração de posse. A saída foi pacífica, mas a fazenda apresentava sinais de
destruição e depredação.
"O que os integrantes do
MST não puderam furtar eles
destruíram", disse o delegado
Jader Biazon, que não quis revelar os nomes dos integrantes
do MST já identificados. "Vamos dar uma resposta à sociedade. Alguns dos responsáveis
vão responder criminalmente."
Os identificados pela polícia
no inquérito responderão pelos
crimes de formação de quadrilha ou bando, esbulho possessório (invasão de propriedade
alheia), dano e furto qualificado. Não foi descartada a responsabilização por outros tipos
de crimes na investigação.
Biazon disse que duas pessoas já foram indiciadas por
furto qualificado na terça-feira,
após serem detidas em flagrante transportando objetos e laranjas da fazenda invadida.
Elas continuam presas.
Depois da desocupação, foram encontrados na fazenda
tratores e pés de laranja destruídos. O MST disse que só foi
responsável pela destruição da
plantação -segundo o movimento, foram 3.000 pés; de
acordo com a Cutrale, foram
entre 7.000 e 10 mil. Há na fazenda cerca de 1 milhão de pés.
Funcionários da empresa
também relataram furto de objetos de suas casas. O prejuízo
pode chegar a R$ 3 milhões, segundo a empresa, mas a Cutrale anunciará na terça-feira um
balanço completo dos valores.
A empresa afirmou que integrantes do MST jogaram areia
nos motores e nos tanques de
combustível dos tratores.
A Cutrale responsabilizou o
MST pelos danos. O movimento negou as acusações e disse
que elas são "uma armação para denegrir". Segundo o MST, a
fazenda pertence à União e foi
alvo de grilagem.
A Cutrale nega e afirma que a
terra está regularizada. A questão está na Justiça.
Na avaliação do Incra (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária), a área da fazenda -entre os municípios de
Iaras e Borebi- está em terras
públicas de um antigo núcleo
de colonização da União, datado do início do século 20.
De acordo com o Incra, a situação é comum e há outras
ações judiciais que questionam
titularidade na região.
Funcionários da empresa começaram ontem a pintar paredes dos imóveis da fazenda, que
haviam sido pichadas com frases e siglas do MST. Também
houve um mutirão de limpeza.
O diretor de relações institucionais da Cutrale, Carlos Otero, disse que os dias parados serão pagos aos funcionários e rechaçou a versão do MST, que
atribuiu os danos a uma sabotagem da Cutrale.
"É lamentável que o MST tenha este entendimento. Eles
deveriam aproveitar para refletir sobre suas atitudes." Segundo Otero, a Cutrale não reforçará a segurança da fazenda.
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