São Paulo, sábado, 09 de novembro de 2002

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CONGRESSO

Partido espera atingir marca com absorção de parlamentares de outros partidos; PL abrigaria os conservadores

PT pretende ultrapassar a marca dos 100 deputados

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT espera ultrapassar a marca simbólica de cem deputados federais antes mesmo da posse da nova legislatura, prevista para fevereiro do próximo ano. Isso daria ao partido maior cacife na hora de eleger o presidente da Câmara, o que aumentaria o poder político do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso.
O partido elegeu 91 deputados federais, em muito superando sua expectativa, que apontava para um máximo de 80. Esta conta deve ser engordada, segundo cálculos dos petistas, com deputados egressos de partidos como PSB, PDT, PPS, PMDB e até do PSDB.
"É certo que haverá uma migração para o PT. Calculo que, em um primeiro momento, dez ou 12 deputados entrem no partido", disse o vice-líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA).
Sem citar nomes, o deputado disse que há muitos parlamentares com histórico oposicionista em outros partidos. Um dos exemplos de filiação aguardados pelos petistas é a volta da ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina, reeleita deputada federal pelo PSB, que apoiou as candidaturas de Lula à Presidência e de José Genoino ao governo de São Paulo.
Segundo a Folha apurou, já há também deputados eleitos em Estados como Bahia e Santa Catarina que devem se filiar ao PT.
A movimentação já causa debate dentro da legenda. A preocupação de alguns setores, principalmente representantes das alas radicais como Pinheiro, é evitar que o PT se transforme em um "partido-ônibus", ou seja, que aceita todo tipo de filiação. Exemplos a serem evitados incluem o PMDB dos anos 80 e o PSDB dos anos 90.
Segundo Pinheiro, será necessário haver um "filtro" para impedir o ingresso de políticos de direita no PT. "No PT, a tradição manda que as novas filiações sejam decididas no âmbito dos diretórios municipais, o que já provoca uma certa seleção. Mas a cúpula do partido tem de ter o direito de veto a figuras estranhas à nossa história", disse o deputado.
Reservadamente, alguns petistas se mostram preocupados com a possibilidade de o PT "inchar" demais depois da conquista da Presidência. A possibilidade de deputados de partidos como PFL e PPB entrarem no partido poderá gerar amplos debates dentro da legenda de Lula. Mas, para essa possibilidade, o PT conta com a ajuda providencial do PL, seu parceiro na coligação presidencial.
Os liberais servirão como "amortecedor" para o PT, absorvendo políticos desejosos de estar na base do governo, mas que teriam dificuldade em entrar em um partido de esquerda. O partido elegeu 26 federais, mas espera crescer e chegar próximo de 50. A base nominal de Lula, com apoio de outros partidos de esquerda, chegaria perto dos 250 deputados na Câmara, próxima da maioria absoluta (257). Para aprovar emenda constitucional, são necessários 308 deputados.


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