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CONGRESSO
Partido espera atingir marca com absorção de parlamentares de outros partidos; PL abrigaria os conservadores
PT pretende ultrapassar a marca dos 100 deputados
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT espera ultrapassar a marca
simbólica de cem deputados federais antes mesmo da posse da nova legislatura, prevista para fevereiro do próximo ano. Isso daria
ao partido maior cacife na hora de
eleger o presidente da Câmara, o
que aumentaria o poder político
do presidente eleito Luiz Inácio
Lula da Silva no Congresso.
O partido elegeu 91 deputados
federais, em muito superando sua
expectativa, que apontava para
um máximo de 80. Esta conta deve ser engordada, segundo cálculos dos petistas, com deputados
egressos de partidos como PSB,
PDT, PPS, PMDB e até do PSDB.
"É certo que haverá uma migração para o PT. Calculo que, em
um primeiro momento, dez ou 12
deputados entrem no partido",
disse o vice-líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA).
Sem citar nomes, o deputado
disse que há muitos parlamentares com histórico oposicionista
em outros partidos. Um dos
exemplos de filiação aguardados
pelos petistas é a volta da ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina,
reeleita deputada federal pelo
PSB, que apoiou as candidaturas
de Lula à Presidência e de José Genoino ao governo de São Paulo.
Segundo a Folha apurou, já há
também deputados eleitos em Estados como Bahia e Santa Catarina que devem se filiar ao PT.
A movimentação já causa debate dentro da legenda. A preocupação de alguns setores, principalmente representantes das alas radicais como Pinheiro, é evitar que
o PT se transforme em um "partido-ônibus", ou seja, que aceita todo tipo de filiação. Exemplos a serem evitados incluem o PMDB
dos anos 80 e o PSDB dos anos 90.
Segundo Pinheiro, será necessário haver um "filtro" para impedir
o ingresso de políticos de direita
no PT. "No PT, a tradição manda
que as novas filiações sejam decididas no âmbito dos diretórios
municipais, o que já provoca uma
certa seleção. Mas a cúpula do
partido tem de ter o direito de veto a figuras estranhas à nossa história", disse o deputado.
Reservadamente, alguns petistas se mostram preocupados com
a possibilidade de o PT "inchar"
demais depois da conquista da
Presidência. A possibilidade de
deputados de partidos como PFL
e PPB entrarem no partido poderá gerar amplos debates dentro da
legenda de Lula. Mas, para essa
possibilidade, o PT conta com a
ajuda providencial do PL, seu parceiro na coligação presidencial.
Os liberais servirão como
"amortecedor" para o PT, absorvendo políticos desejosos de estar
na base do governo, mas que teriam dificuldade em entrar em
um partido de esquerda. O partido elegeu 26 federais, mas espera
crescer e chegar próximo de 50. A
base nominal de Lula, com apoio
de outros partidos de esquerda,
chegaria perto dos 250 deputados
na Câmara, próxima da maioria
absoluta (257). Para aprovar
emenda constitucional, são necessários 308 deputados.
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