São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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Painel

@ - Renata Lo Prete

Marco zero

O primeiro item da pauta de Lula com o PMDB é tentar resolver a sucessão no partido, pré-requisito para a sonhada "relação institucional" com a legenda. O presidente se mostra disposto a bancar a indicação de Jader Barbalho para o lugar de Michel Temer. A costura prevê que, desde que faça um "gesto" abrindo caminho para sua própria substituição, Temer seja contemplado com a indicação a uma vaga no STJ.
Mas o grupo outrora oposicionista do PMDB, hoje minoritário e a caminho de aderir ao governo, ainda tentava ontem uma via alternativa: articular a candidatura de Nelson Jobim, menos associado à turma que sempre esteve com Lula, para o lugar de Temer.

Castas. Temerosos de perder o acesso privilegiado, os lulistas de primeira hora do PMDB querem se diferenciar do grupo dos "cristãos novos", no qual pontifica o deputado Geddel Vieira Lima (BA).

Reza brava. Uma seleta roda do PP, encabeçada por Pedro Henry (MT) e pelo deputado cassado Pedro Corrêa (PE), reuniu-se ontem na casa do 2º vice-presidente da Câmara, Ciro Nogueira (PI). "Daqui sai um ministro", apostava, animadamente, o deputado João Leão (BA).

Dobrada. Atuando em parceria para permanecerem, respectivamente, nas presidências do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Aldo Rebelo (PC do B-SP) conversaram ontem com o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Em pauta, a tentativa de acordo para que o PT não lance candidato na Câmara e apóie a reeleição de Aldo.

Bastão. Como quatro pefelistas -ACM Neto (BA), Onyx Lorenzoni (RS), Ronaldo Caiado (GO) e André de Paula (PE)- querem a vaga de líder na Câmara, Rodrigo Maia (RJ) sugeriu reduzir o mandato de dois anos para um.

Sardinha. Para cumprir uma promessa de campanha, o presidente peruano, Alan García, 1,92 m de altura, chega hoje ao Brasil em visita oficial espremido num assento de classe econômica de vôo comercial. Terá ainda de fazer conexão em São Paulo antes de aterrissar em Brasília.

Cara pálida. Embora Julio Semeghini (PSDB-SP) tenha protestado contra o esvaziamento da CPI dos Sanguessugas, foi a oposição que contribuiu para o quórum baixo ontem. Nove dos 14 tucanos da comissão, além de dez pefelistas, não deram as caras.

Inculta e bela. Na CPI, o ex-ministro Humberto Costa procurou se desvincular de Francisco Rocha, o Rochinha, ex-assessor da Saúde, acusado pelos Vedoin de ser o "elo" entre o ministério e a Casa Civil. Contou que ambos já foram inimigos "fidalgais".

Quem é quem. De fato, Rochinha nunca foi homem de Humberto Costa, e sim da direção nacional do PT, de cujos interesses cuidava no Ministério da Saúde.

Veja bem. Do deputado federal Sarney Filho (PV-MA), durante uma reunião de representantes de pequenos partidos no TSE para alegar inconstitucionalidade da cláusula de barreira: "Se essa regra valesse nos anos 80, o PT hoje não existiria". Ao que alguém ponderou: "Talvez não fosse tão mau assim".

Prontuário. Indicada por Aécio Neves conselheira do Tribunal de Contas de Minas, Adriene Andrade, mulher do vice-governador Clésio Andrade, responde a processos criminais e cíveis em Três Pontas, cidade da qual foi prefeita. Ela alega ser alvo de uma ONG de adversários.

Grande família. Depois de nomear três irmãos e a mulher para cargos do governo durante seu primeiro mandato, Roberto Requião trabalha agora para emplacar o sobrinho João Arruda na presidência do PMDB do Paraná.

Tiroteio

"Alckmin vai criar um "governo paralelo". Serra, um partido só para ele. Do PSDB, aparentemente, ninguém mais quer saber."


Do deputado MAURÍCIO RANDS (PT-PE) sobre a intenção, anunciada pelo candidato derrotado, de montar uma equipe para fiscalizar a gestão Lula e sobre a idéia do governador eleito de formar uma nova sigla.

Contraponto

Conta outra

Estrela do Congresso durante o impeachment de Collor, cassado em 1994 sob acusação de integrar o esquema dos "Anões do Orçamento" e absolvido pela Justiça depois de anos afastado da política, Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), recém-eleito deputado federal, conversava no feriado com sua mulher, Laila, sobre o retorno a Brasília.
-Serei um simples deputado do baixo clero- previu.
Pouco depois, o telefone começou a tocar. Primeiro, era Eliseu Padilha (RS). Depois, Geddel Vieira Lima (BA). Em seguida, Michel Temer (SP), presidente do PMDB.
Refratária ao universo da política, Laila suspirou:
-Baixo clero, hein?


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