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Após admitir erro, governo enquadra base
Aliados de Lula avaliam, em reunião do Conselho Político, que foi um equívoco negociar a CPMF primeiro com a oposição
"Nós erramos. Tínhamos de acertar a base primeiro e depois abrir negociação com a oposição", declarou a líder do governo Roseana Sarney
VALDO CRUZ
LETÍCIA SANDER
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os aliados do presidente Lula
reconheceram ontem, em reunião do Conselho Político, que
houve erro na estratégia de
priorizar a negociação da
CPMF com a oposição, deixando em segundo plano a base
aliada no Senado. A ordem agora é "enquadrar" os aliados e reduzir o número de traições.
O Conselho Político, que reúne líderes e presidentes dos
partidos aliados, decidiu centrar as negociações na bancada
governista no Senado, que teoricamente tem 53 votos, buscando fechar questão politicamente em torno do tema. A
reunião de ontem foi a primeira
após o fracasso das conversas
com o PSDB, que na terça-feira
rejeitou a proposta do Ministério da Fazenda para a CPMF.
Durante o encontro do conselho, no Planalto, a líder do governo no Congresso, senadora
Roseana Sarney (PMDB-MA),
disse: "Nós erramos. Tínhamos
de acertar a base [aliada] primeiro e depois abrir negociação com a oposição". Ela acrescentou que foi um erro "ceder
antes de a oposição pedir".
O ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) disse que o governo procurou a oposição para negociar
a CPMF porque os governistas
criaram a teoria de que não teriam votos suficientes para garantir a aprovação do imposto.
"Certo ou errado, não adianta mais discutir o assunto, já
passou." Segundo ele, a tarefa
agora é baixar a ordem unida
para garantir os votos da base
aliada. Depois, buscando amenizar o clima do encontro, afirmou que "não estamos aqui para cobrar, mas para sintonizar".
Mais tarde, aos jornalistas,
Walfrido disse que "o fechamento de questão [pela CPMF]
é político, não é punitivo". Ou
seja, não será um fechamento
de questão formal, quando o
parlamentar que o descumprir
pode estar sujeito à punição.
Sem decisão
Fazer um fechamento de
questão política, no entanto,
pode ajudar senadores que
querem mudar de posição a votar em favor do governo. No
Planalto, a avaliação é que o governo conseguirá reunir na base os 49 votos necessários para
aprovar a prorrogação do tributo. Mas, para deixar o processo
"seguro", as negociações com o
PSDB não serão abandonadas.
Na reunião, voltou-se a comentar a possibilidade de reduzir a alíquota da CPMF, hoje de
0,38%. O PMDB e outros partidos da base, como o PDT, defendem essa medida. Não houve, porém, nenhuma decisão. A
idéia é buscar agora fazer concessões aos aliados para que
eles possam votar unidos.
Conversas preliminares com
o PSDB já começaram. Governistas e tucanos se encontraram em um jantar na casa de
Sérgio Guerra (PSDB-PE) na
quarta-feira. Do governo estiveram presentes Romero Jucá
(PMDB-RR), Tião Viana (PT-AC), Aloizio Mercadante (PT-SP) e Roseana.
Eles aproveitaram para entabular conversas com os tucanos, sobretudo com os que estavam inclinados a votar a favor
da CPMF, mas recuaram depois da proposta da Fazenda.
Segundo a Folha apurou, foram apenas conversas iniciais,
sem apresentação de novas
propostas.
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