São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2007

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Após admitir erro, governo enquadra base

Aliados de Lula avaliam, em reunião do Conselho Político, que foi um equívoco negociar a CPMF primeiro com a oposição

"Nós erramos. Tínhamos de acertar a base primeiro e depois abrir negociação com a oposição", declarou a líder do governo Roseana Sarney

VALDO CRUZ
LETÍCIA SANDER
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os aliados do presidente Lula reconheceram ontem, em reunião do Conselho Político, que houve erro na estratégia de priorizar a negociação da CPMF com a oposição, deixando em segundo plano a base aliada no Senado. A ordem agora é "enquadrar" os aliados e reduzir o número de traições.
O Conselho Político, que reúne líderes e presidentes dos partidos aliados, decidiu centrar as negociações na bancada governista no Senado, que teoricamente tem 53 votos, buscando fechar questão politicamente em torno do tema. A reunião de ontem foi a primeira após o fracasso das conversas com o PSDB, que na terça-feira rejeitou a proposta do Ministério da Fazenda para a CPMF.
Durante o encontro do conselho, no Planalto, a líder do governo no Congresso, senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), disse: "Nós erramos. Tínhamos de acertar a base [aliada] primeiro e depois abrir negociação com a oposição". Ela acrescentou que foi um erro "ceder antes de a oposição pedir".
O ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) disse que o governo procurou a oposição para negociar a CPMF porque os governistas criaram a teoria de que não teriam votos suficientes para garantir a aprovação do imposto.
"Certo ou errado, não adianta mais discutir o assunto, já passou." Segundo ele, a tarefa agora é baixar a ordem unida para garantir os votos da base aliada. Depois, buscando amenizar o clima do encontro, afirmou que "não estamos aqui para cobrar, mas para sintonizar".
Mais tarde, aos jornalistas, Walfrido disse que "o fechamento de questão [pela CPMF] é político, não é punitivo". Ou seja, não será um fechamento de questão formal, quando o parlamentar que o descumprir pode estar sujeito à punição.

Sem decisão
Fazer um fechamento de questão política, no entanto, pode ajudar senadores que querem mudar de posição a votar em favor do governo. No Planalto, a avaliação é que o governo conseguirá reunir na base os 49 votos necessários para aprovar a prorrogação do tributo. Mas, para deixar o processo "seguro", as negociações com o PSDB não serão abandonadas.
Na reunião, voltou-se a comentar a possibilidade de reduzir a alíquota da CPMF, hoje de 0,38%. O PMDB e outros partidos da base, como o PDT, defendem essa medida. Não houve, porém, nenhuma decisão. A idéia é buscar agora fazer concessões aos aliados para que eles possam votar unidos.
Conversas preliminares com o PSDB já começaram. Governistas e tucanos se encontraram em um jantar na casa de Sérgio Guerra (PSDB-PE) na quarta-feira. Do governo estiveram presentes Romero Jucá (PMDB-RR), Tião Viana (PT-AC), Aloizio Mercadante (PT-SP) e Roseana.
Eles aproveitaram para entabular conversas com os tucanos, sobretudo com os que estavam inclinados a votar a favor da CPMF, mas recuaram depois da proposta da Fazenda.
Segundo a Folha apurou, foram apenas conversas iniciais, sem apresentação de novas propostas.


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