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PF apreende documentos em ONG de SC
Segundo delegado, há "prova testemunhal" de caixa 2; suspeita é de desvios para campanha do deputado Dirceu Dresch (PT)
Entidade, ligada ao grupo da senadora Ideli Salvatti, diz não reconhecer documentos em DVDs do inquérito, onde aparece a anotação "Cx II"
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal em Chapecó (SC) apreendeu ontem na
sede da Fetraf-Sul (Federação
dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul),
entidade sindical suspeita de
desviar verbas repassadas pela
União e investigada pela CPI
das ONGs, 120 caixas com documentos e 48 HDs (discos rígidos) de computadores.
Segundo o delegado Misael
Mazzetti, os documentos podem auxiliar a PF a "vincular"
as supostas fraudes cometidas
pela Fetraf-Sul com a campanha do deputado estadual Dirceu Dresch (PT-SC), que era
coordenador-adjunto para
Santa Catarina na entidade.
Desde abril, a PF investiga os
supostos desvios da entidade
sindical, ligada ao grupo da senadora Ideli Salvatti (PT-SC).
O dinheiro era repassado por
órgãos federais para o financiamento de cursos da Fetraf nos
três Estados do Sul.
"Já há prova testemunhal robusta e outros elementos e irregularidades que levam a crer
[que houve caixa dois direcionado à campanha do petista]",
disse o delegado. "Há pessoas
que constam dos doadores na
declaração [de Dresch ao TRE
(Tribunal Regional Eleitoral)
de Santa Catarina], mas não
doaram. Existe um indício fortíssimo", complementou.
No inquérito, há planilhas
sobre os cursos que apresentam itens como "gasto real"
(com valores mais baixos do
que o recebido em recursos) e
"saldo Fetraf" (com a diferença
entre "gasto real" e o que foi recebido). Uma das planilhas tem
o nome de "Cx II". Os dados
aparecem em DVDs.
A Fetraf nega as suspeitas e
não reconhece como seus os
documentos gravados nos
DVDs, que foram obtidos pelo
Ministério Público Federal e
repassados à PF. A federação
diz que documentos foram furtados de sua sede, em Chapecó,
e que as planilhas podem ser
versões adulteradas.
De acordo com o delegado
Mazetti, as movimentações financeiras da Fetraf-Sul são
"estranhas". "Ela não fecha.
Não bate com a declarada."
A suspeita é que o dinheiro
possa ter sido enviado para a
campanha de Dresch.
Diretores, assessores e funcionários da Fetraf-Sul que
doaram dinheiro para a campanha dele a deputado estadual
constam dos beneficiários de
recibos emitidos pela federação. Os recibos podem ter sido
emitidos para cobertura de gastos que só ocorreram no papel.
O delegado disse ainda que
"várias testemunhas" confirmaram não ter doado ao petista, apesar de estarem na relação
do TRE-SC.
Segundo a investigação da
PF, as fraudes podem chegar a
R$ 6,4 milhões, com dinheiro
dos ministérios do Trabalho e
do Desenvolvimento Agrário e
de outros órgãos federais.
Parte do valor (R$ 1,2 milhão) é relativo à Cooperhaf
(Cooperativa de Habitação dos
Agricultores Familiares dos
Três Estados do Sul) -órgão
que é ligado à Fetraf. Para a
Procuradoria, há provas de crimes de "desvio, estelionato e
peculato".
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