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Condenado ainda tem um escritório de investigação
DA SUCURSAL DO RIO
A condenação pelo grampo telefônico no BNDES não
interrompeu as atividades de
Adilson Alcântara de Matos.
Sua empresa apenas mudou
de nome -de Visam Investigações para Nexus Gerenciamento de Riscos. O endereço
é o mesmo: uma sala no Largo de São Francisco, no centro do Rio de Janeiro, onde
ele trabalha sozinho.
Ele disse à Folha que faz
""segurança de informação" e
que, entre seus serviços, está
localizar devedores para instituições financeiras e descobrir fraudes contra seguradoras. Matos nega que faça
grampos, mas diz que faz
rastreamento para localização desse tipo de escuta.
De cabelos grisalhos e fala
mansa, Matos concordou em
dar entrevista, mas não admitiu ser fotografado. Diz
que só pôde andar despercebido na multidão nesses
anos porque sua imagem
nunca foi divulgada.
Antes de entrar para a espionagem empresarial, foi
araponga no regime militar.
Aos 20 anos, foi admitido na
Marinha e trabalhou no Cenimar (Centro de Informações da Marinha). Dois anos
depois, foi requisitado pelo
SNI (Serviço Nacional de Informações), da Presidência
da República. Uma de suas
tarefas no SNI era obter informações sobre o movimento estudantil.
Com o fim do regime militar, pediu baixa da Marinha,
em 1986, e passou para a empresa de investigação de um
ex-oficial do Cenimar. ""[Eu]
não via futuro na carreira
militar, e apareceram coisas
boas para eu fazer fora. Gostei e fui ficando", diz.
Ele afirma que a investigação empresarial cresceu no
Brasil com o fim do regime,
porque ex-militares que trabalhavam nos serviços de informação das Forças Armadas migraram para o setor
privado. Segundo ele, esse
sempre foi negócio e continuará a sê-lo. Questionado
se espera ser absolvido pelo
STJ (Superior Tribunal de
Justiça), ele responde que
sim, mas que já está condenado pela opinião pública.
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