São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2008

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Condenado ainda tem um escritório de investigação

DA SUCURSAL DO RIO

A condenação pelo grampo telefônico no BNDES não interrompeu as atividades de Adilson Alcântara de Matos. Sua empresa apenas mudou de nome -de Visam Investigações para Nexus Gerenciamento de Riscos. O endereço é o mesmo: uma sala no Largo de São Francisco, no centro do Rio de Janeiro, onde ele trabalha sozinho.
Ele disse à Folha que faz ""segurança de informação" e que, entre seus serviços, está localizar devedores para instituições financeiras e descobrir fraudes contra seguradoras. Matos nega que faça grampos, mas diz que faz rastreamento para localização desse tipo de escuta.
De cabelos grisalhos e fala mansa, Matos concordou em dar entrevista, mas não admitiu ser fotografado. Diz que só pôde andar despercebido na multidão nesses anos porque sua imagem nunca foi divulgada.
Antes de entrar para a espionagem empresarial, foi araponga no regime militar. Aos 20 anos, foi admitido na Marinha e trabalhou no Cenimar (Centro de Informações da Marinha). Dois anos depois, foi requisitado pelo SNI (Serviço Nacional de Informações), da Presidência da República. Uma de suas tarefas no SNI era obter informações sobre o movimento estudantil.
Com o fim do regime militar, pediu baixa da Marinha, em 1986, e passou para a empresa de investigação de um ex-oficial do Cenimar. ""[Eu] não via futuro na carreira militar, e apareceram coisas boas para eu fazer fora. Gostei e fui ficando", diz.
Ele afirma que a investigação empresarial cresceu no Brasil com o fim do regime, porque ex-militares que trabalhavam nos serviços de informação das Forças Armadas migraram para o setor privado. Segundo ele, esse sempre foi negócio e continuará a sê-lo. Questionado se espera ser absolvido pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), ele responde que sim, mas que já está condenado pela opinião pública.


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