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Ministérios do PT recebem mais verbas
Reserva de recursos para as nove pastas petistas é 30% maior do que a destinada para as seis controladas pelo PMDB
Pastas de peemedebistas sofreram corte de 30,3% no orçamento, enquanto as comandadas por petistas foram afetadas em 22,6%
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA
A menos de dois meses do
fim do ano, os ministérios comandados pelo PT apresentam
um nível de empenho de verbas
(reserva de recursos no orçamento) 30% maior do que o registrado nas seis pastas controladas pelo PMDB, principal
aliado do governo e "noiva" assediada pela oposição para a sucessão presidencial em 2010.
O dado é de levantamento
feito pela Folha na execução
orçamentária da União deste
ano, com base em números da
Consultoria de Orçamento e
Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, atualizados em 1º de novembro.
A conta não inclui despesas
com pessoal e encargos sociais
nem juros, encargos e amortização de dívidas -verbas que
não podem ser cortadas pelo
governo. Também ficaram de
fora as reservas de contingência dos ministérios (reserva de
recursos não carimbados para
situações de emergência), que
não podem ser empenhadas.
As nove pastas cujos ministros são filiados ao PT já tiveram empenhados 92,2% da
verba autorizada para este ano.
No mesmo período, os ministérios controlados pelo PMDB
(Minas e Energia, Agricultura,
Defesa, Integração Nacional,
Saúde e Comunicações) tiveram um empenho de 70,7%.
Somando ao PMDB os outros partidos da base que integram o time de ministros do
governo Lula, o índice de empenho dos aliados fica em 73%.
O ministério com a menor
execução, segundo o levantamento, é o da Agricultura, da
cota do PMDB, com 29,8% de
empenho em relação à dotação
autorizada, sempre descontadas as despesas obrigatórias.
Os ministérios do Planejamento e da Fazenda, ambos
nas mãos do PT, têm o poder de
definir, em conjunto, sempre
após a aprovação da Lei Orçamentária Anual, os limites de
empenho possíveis para cada
ministério dentro do montante
geral autorizado inicialmente
para cada uma das pastas.
Esses limites vão sendo flexibilizados ao longo do ano, sem
valores ou cronograma pré-determinados. Desde 29 de abril,
data da portaria que estabeleceu os limites de empenho, o
governo publicou dez outras
portarias ampliando os limites
para determinadas pastas.
Segundo o Ministério do Planejamento, as definições sobre
quais ministérios são afetados
pelos contingenciamentos iniciais ou beneficiados por flexibilizações posteriores são fruto
de "uma decisão de governo
feita em cima do que é mais urgente para o governo".
Ainda de acordo com o Planejamento, "não há qualquer
orientação política". "A ampliação [de limites], quando é
realizada, destina-se ao atendimento de despesas dos programas de cada ministério."
Os dados do contingenciamento também mostram uma
diferença entre as pastas petistas e peemedebistas. Enquanto
as pastas do PMDB, juntas, sofreram um corte de 30,3% em
seu orçamento, as do PT foram
afetadas em 22,6%.
De acordo com o economista
Gil Castelo Branco, da ONG
Contas Abertas, que acompanha a execução orçamentária
do governo, os recursos oriundos de emendas parlamentares
são os mais sujeitos a "interferências políticas".
Dados da Câmara dos Deputados mostram que foram
aprovadas este ano R$ 16,2 bilhões em emendas individuais,
de bancada e de comissões
-valor maior que o orçamento
de 17 dos 23 ministérios.
Tanto Castelo Branco quanto ministérios ouvidos pela Folha, como a Agricultura, que
apresentou a menor execução,
dizem que, além do fator contingenciamento, também contribuem para níveis baixos de
execução falhas técnicas em
projetos apresentados ao governo e a inadimplência de municípios com a União, o que impede o repasse de verbas.
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