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Serra busca financiamento para "vitrines"
No último ano de gestão, governador de São Paulo terá R$ 4 bi para financiar obras, especialmente as de infraestrutura
Apontado como possível candidato à Presidência, Serra quer usar capacidade de investimento como trunfo no ano que vem
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Potencial candidato à Presidência, o governador de São
Paulo, José Serra (PSDB), conta com R$ 4,211 bilhões em empréstimos para financiar obras,
especialmente as de infraestrutura, em 2010. Esse dinheiro
representa 62,03% do total a
ser liberado nos seus quatro
anos de gestão.
Só no ano que vem, o governo
Serra será contemplado com
R$ 1,3 bilhão para compra de
novos trens do Metrô e da
CPTM (Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos). Outros
R$ 600 milhões serão desembolsados para pavimentação de
estradas vicinais.
A capacidade de investimento é apontado como um trunfo
de Serra para a disputa presidencial. "Colocamos São Paulo
para andar", já discursou Serra,
repetindo que, nos governos
Mario Covas (1995-2001) e Geraldo Alckmin (2001-2006), o
Estado foi posto de pé.
Mas Serra só terá inaugurado
parcela das obras financiadas,
caso se afaste em março do ano
que vem para concorrer à disputa presidencial. Dentro do
partido, o embate está entre ele
e o governador Aécio Neves
(MG). Se não concorrer ao Planalto, apesar de até o momento
liderar as pesquisas de intenção de votos, Serra poderá ser
candidato à reeleição ao governo de São Paulo.
Uma parte expressiva dos 22
empréstimos obtidos no governo Serra ficará para o sucessor
-ou para ele mesmo, caso dispute e seja reeleito governador.
Segundo estimativa do próprio
governo, quase a metade
-41,39%- dos R$ 11,6 bilhões
negociados só chegará aos cofres do Estado a partir de 2011.
Ou seja: R$ 4,8 bilhões serão
gastos na próxima gestão que
administrará São Paulo.
Cumprido o cronograma, a
gestão Serra entregará 28 novas estações de Metrô. Mesmo
com financiamento já prometido para as obras, outras 35 ficarão para o próximo mandato.
De 2010 para 2014, segundo o
governo, a rede de Metrô passará de 240 para 380 quilômetros
-um incremento de 58%.
O sucessor de Serra não herdará apenas obras em andamento -comum no processo
político-, mas até a assinatura
de empréstimos que negociou.
Dos R$ 11,5 bilhões acertados
pela atual administração, ao
menos R$ 1,7 bilhão só deverá
ser contratado a partir de 2011.
Em ano eleitoral, os empréstimos com agentes de fomento
só podem ser assinados até junho (seis meses antes do fim
dos mandatos). E pelo menos
seis deles estão com previsão
de assinatura a partir de março
do ano que vem. Qualquer atraso impõe risco ao cronograma.
Segundo balanço do Estado,
o processo de negociação de
empréstimo externo consome,
em média, dois anos, podendo
chegar a três. Até a assinatura, o
pedido passa por uma maratona burocrática que envolve até
nove diferentes órgãos.
Fora o atraso natural de um
processo que consome em média dois anos, um ingrediente
político pode contribuir para
adiamentos: todos dependem
de autorização do Senado, que,
em 2010, deverá estar em ritmo
mais lento, devido ao fato de os
senadores também estarem envolvidos nas eleições.
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