São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2008

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"Em 2010, eu não estou mais aqui", diz Serra em São Paulo

Governador comete ato falho após Datafolha mostrar vantagem dele na corrida por 2010

Depois, o tucano explicou a fala: "Meu mandato termina em 2010. Em 2011, eu não sei onde estarei", disse ele, que comemorou a pesquisa

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Embora evite se declarar candidato, o governador de São Paulo, José Serra, deixou escapar ontem a disposição de concorrer à Presidência em 2010. Durante discurso no Palácio dos Bandeirantes, o tucano cometeu um ato falho e disse que em 2010 não estará mais lá.
Foi no lançamento da agência Investe São Paulo. Ao listar para empresários as medidas adotadas para o enfrentamento da crise, Serra consultou o presidente do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), João Fernando Gomes de Oliveira, sobre o número de pesquisadores com bolsa no exterior.
"Sessenta pesquisadores financiados pelo Estado. Eu achava que eram mais de 100, 150", comentou Serra. Gomes Oliveira explicou, então, que eles chegarão a 150 em 2010.
"Mas 2010, 2011, eu não estou mais aqui", reagiu Serra, arrancando gargalhadas.
O deslize aconteceu no dia da divulgação da mais recente pesquisa Datafolha, segundo a qual Serra ampliou sua liderança na disputa pela Presidência, variando de 36% a 47%, dependendo do cenário.
Ao comentar o resultado, Serra disse que acha "bom estar na frente em uma pesquisa". "Mas tenho presente que faltam dois anos para a eleição e que pesquisa é uma fotografia do momento. Agora, estar bem na foto não é ruim. Evidentemente, me agrada", admitiu.
Em entrevista, Serra justificou o ato falho: "O meu mandato termina em 2010. Em 2011, eu não sei onde estarei".
"O fato é o seguinte: quero que as coisas importantes terminem até 2010. É um sentimento natural. Se você estivesse no meu lugar, pensaria a mesma coisa", afirmou
Apesar de eufóricos com o resultado da pesquisa -"É ótimo", comemorou o chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira-, integrantes do governo temem se transformar em vidraça a dois anos das eleições.
"Vamos ficar expostos nos próximos dois anos", comentou o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo. Para Sidnei Beraldo (Gestão), haverá uma exigência ainda maior sobre os secretários, que terão de driblar armadilhas da oposição.
Serra, porém, nega que o desempenho à frente do Palácio dos Bandeirantes tenha como meta 2010. "Quem acompanha o meu dia-a-dia sabe que eu estou concentrado é no trabalho de governador de São Paulo, não em articulações nacionais. Embora a todo momento fiquem me pondo nessas coisas", disse o tucano.


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