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PF vê indício de pagamento para secretário de Kassab
Documentos apontam propina de empreiteira a titular da pasta de Habitação
Procuradoria de São Paulo, que recebeu relatório final
da Castelo de Areia, pede investigação de deputado, senadores e vereadores
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Documentos apreendidos
pela Polícia Federal na Operação Castelo de Areia mostram
indícios de pagamentos de propina pela construtora Camargo
Corrêa ao secretário municipal
de Habitação de São Paulo, Elton Zacarias, ao presidente da
Câmara Municipal paulistana,
Antonio Carlos Rodrigues
(PR), ao vereador Toninho Paiva (PR) e ao deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), que é
réu no processo do mensalão.
A Procuradoria da República
em São Paulo, que recebeu o relatório final da Castelo de Areia
em 22 de novembro, ainda recomenda novas investigações
sobre os senadores Inácio Arruda (PC do B-CE) e Renato
Casagrande (PSB-ES), cujos
nomes são referenciados em
papéis recolhidos na operação.
Os políticos dizem não ter
conhecimento sobre o inquérito da PF e negam o recebimento de propinas ou a participação em irregularidades.
O órgão federal em São Paulo
encaminhou anteontem à Procuradoria-Geral da República e
à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo requerimentos
para que sejam aprofundadas
as investigações em relação a
Zacarias e aos parlamentares.
Um dos objetivos é que seja
investigado se o secretário de
Habitação e os vereadores da
capital receberam propina para
interceder pela liberação de um
terreno na rua Tuiuti, no Tatuapé (zona leste de SP), que a
empreiteira queria comprar.
A aprovação ainda depende
de autorização do Conpresp
(Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da
Cidade de São Paulo).
A documentação recolhida
em escritórios e casas de executivos da empreiteira traz indícios de que Elton Zacarias receberia R$ 1 milhão, e os vereadores, R$ 800 mil, da construtora.
Em relação aos dois vereadores do PR -Paiva é representante da Câmara no Conpresp-, há inscrições que sugerem que eles foram beneficiários de um pagamento no valor
de R$ 100 mil, no dia 25 de abril
de 2008, e receberiam os R$
700 mil restantes em 90 dias
após a aprovação da compra.
Segundo o Conpresp, a Camargo Corrêa protocolou um
pedido de liberação da operação de venda do terreno em 28
de maio de 2008. Atualmente o
processo sobre o imóvel está
sob análise do Departamento
de Patrimônio Histórico, segundo a assessoria do órgão.
Já o nome do deputado federal Valdemar Costa Neto surgiu
nas apurações após a análise de
documentos sobre a construção do Rodoanel Mario Covas.
Em um dos papéis apreendidos
há a expressão "60 mil - PAC
-°Valdemar PL". Para autoridades envolvidas na investigação,
a sigla "PAC" refere-se ao Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal, que
prevê a transferência de recursos para o Rodoanel. Já a inscrição "PL" seria uma menção ao
Partido Liberal, antiga denominação do Partido da República.
Outro suspeito no caso das
obras do Rodoanel é Paulo Souza, diretor de engenharia da estatal paulista Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.).
Quanto aos senadores Arruda e Casagrande, a Procuradoria pediu que seja apurado o suposto envolvimento de ambos
em irregularidades nas construções do metrô de Fortaleza e
do aeroporto de Vitória, respectivamente. Há referência a
ambos em documentos
apreendidos, mas sem cifras. Ao todo a Procuradoria
apontou 14 obras executadas
pela Camargo Corrêa em que
há suspeitas da participação de
políticos e autoridades em crimes de corrupção ativa e passiva, atos de improbidade administrativa e ilícitos eleitorais.
As apurações sobre a construção da linha 4 do metrô de
São Paulo revelam indícios de
ilegalidades cometidas até por
membros do Ministério Público de São Paulo e da Polícia Civil paulista. Uma das suspeitas
é que um membro do Ministério Público estadual recebeu
um pagamento da Camargo
Corrêa em fevereiro de 2008,
que teria ligação com os processos abertos após desabamento na obra da estação Pinheiros da linha 4, em 2007.
Ontem Sandro Neis, corregedor do Conselho Nacional do
Ministério Público -órgão responsável pelo controle disciplinar da instituição- disse que já
instaurou um procedimento
para apurar eventuais condutas ilícitas de membros do Ministério Público no caso.
Colaborou LILIAN CHRISTOFOLETTI, da Reportagem Local
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