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GOVERNO LULA
Medida faz parte de pacote de ações de combate à sonegação que o ministro quer entregar ao presidente
Berzoini quer rever isenções na Previdência
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini, pretende
rever as isenções de contribuições
previdenciárias que são concedidas hoje a vários tipos de empresas, como entidades filantrópicas
e clubes de futebol.
A medida faz parte de um
"grande elenco" de ações para o
combate à sonegação na Previdência que será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"A forma como ocorrem essas
imunidades da cota patronal quase sempre acaba em corrupção ou
desvio de finalidade", disse Berzoini. O ministro lembrou que
grandes instituições educacionais
e de saúde têm o benefício, mas
têm um volume elevado de receitas. "Elas poderiam pagar a contribuição sem problemas."
Hoje, as renúncias previdenciárias de empresas estão estimadas
em R$ 4,9 bilhões por ano. Uma
parte, porém, está ligado à contribuição simplificada existente no
Simples (sistema de pagamento
de impostos das micro e pequenas empresas). Berzoini tem elogiado o sistema e até defendido a
ampliação do número de empresas que podem ter acesso a ele.
No Orçamento deste ano, o total
de renúncia previdenciária deverá atingir R$ 9 bilhões. Esse valor
inclui os segurados especiais, que
são pequenos produtores rurais
beneficiados pelo recolhimento
diferenciado de contribuições.
O ministro também quer fechar
"brechas legais" que aliviam as
empresas do pagamento da contribuição. Uma delas é o estágio.
Berzoini acredita que essa forma
de contratação ocorre de forma
indiscriminada. "Muitas vezes o
estagiário trabalha em condições
desgastantes sem proteção previdenciária."
A revisão da legislação do estágio será acompanhada de reavaliações das leis sobre terceirização
e sobre cooperativas de trabalho.
Segundo o ministro, existem "simulações e fraudes" nessa área.
O ministro ainda citou a necessidade de atuar com mais força na
Justiça contra as empresas que
contestam o recolhimento de
contribuições previdenciárias sobre o pagamento de abonos salariais. Berzoini elogiou o trabalho
de força-tarefa criada no governo
anterior para combater fraudes,
principalmente em São Paulo e
Rio. Segundo ele, a idéia é ampliar
essa atuação para o país todo.
Berzoini quer que os fiscais do
Instituto Nacional do Seguro Social usem mais a tecnologia. A Receita Federal, por exemplo, faz
cruzamentos de dados para verificar indícios de sonegação. A idéia
é utilizar o equipamento da Dataprev (a empresa de processamento de dados da Previdência) na fiscalização.
(JULIANNA SOFIA, SÍLVIA MUGNATTO e LEONARDO SOUZA)
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