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Acusado de mandar matar rival, procurador é detido
Suposto plano foi descoberto quando mentor abortou ordem ao saber que era investigado
Alvo era colega na disputa por cargo de procurador de Justiça do AM; Procuradoria não sabe dizer por que crime detido poderia ser acusado
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
O procurador-geral de Justiça licenciado do Amazonas, Vicente Cruz Oliveira, 61, foi detido pela Polícia Civil na madrugada de ontem acusado de contratar um pistoleiro para matar, por R$ 20 mil, o também
procurador Mauro Campbell
Marques, concorrente em sua
tentativa de reeleição ao cargo.
O crime não chegou a ocorrer. A suposta encomenda, deduzida pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas a
partir de escutas telefônicas
feitas com autorização judicial,
foi abortada quando Cruz Oliveira soube que a trama era investigada. Ele nega a acusação.
Além de Oliveira, que está
detido na sede do Ministério
Público, foram presos os supostos agenciadores (um casal de
Manaus) e um ex-presidiário.
Marques disse ver como razão para a tentativa de seu assassinato a eleição -ele diz que
sempre teve relação cordial
com Cruz Oliveira. "No meu segundo mandato de procurador-geral [2001-03], ele [Oliveira]
era até meu subprocurador."
Ambos servidores há 18 anos,
eles eram os únicos procuradores na eleição pelo cargo, que
paga R$ 22 mil. Os outros candidatos eram promotores.
A legislação garante a Oliveira o direito a prisão domiciliar.
Ele deve ser transferido para
sua casa. Nem a Secretaria de
Segurança Pública nem a Procuradoria soube dizer por qual
crime ele seria acusado. A Procuradoria decidiu criar uma comissão para averiguar o caso. O
resultado será enviado ao Tribunal de Justiça do Amazonas.
O governador Eduardo Braga
(PMDB), responsável pela escolha do procurador-geral, disse que não iria se pronunciar
sobre o caso, em respeito à autonomia do Ministério Público.
As suspeitas sobre a suposta
trama foram levantadas por
Marques na sexta-feira. Um advogado que conhecia o ex-presidiário procurou o secretário-geral do Ministério Público,
que colocou o advogado em
contato com Marques. Depois
de ouvir a história, ele a relatou
ao governador, ao secretário de
Segurança e ao procurador-geral em exercício. Além de escolta policial para o procurador,
foi solicitada à Justiça a autorização para grampear os telefones dos agenciadores.
A suposta participação de
Oliveira só foi apontada anteontem, quando, após saber
das investigações, telefonou a
um dos agenciadores para
abortar a ordem e pedir que o
agenciador fosse à sua casa,
junto com o ex-presidiário. A
polícia os seguiu até lá e logo foi
pedida a prisão de Cruz.
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