São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 2010

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Doação cai, e programa depende de boi "pirata"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sem a propaganda do início do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o Fome Zero teve de contar com o leilão do boi "pirata", apreendido no combate ao desmate na Amazônia, para evitar que doações em dinheiro praticamente desaparecessem no ano passado.
Em 2009, animais criados em área de desmatamento ilegal garantiram 70% (R$ 1,2 milhão) do arrecadado pelo Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Ainda assim, o valor representou só 20% do dinheiro doado em 2003, segundo o Tesouro Nacional.
Os R$ 15,6 milhões doados ao Fome Zero em sete anos foram integralmente repassados ao programa de construção de cisternas no Nordeste. Segundo a ONG Articulação do Semi-Árido Brasileiro, que toca o programa, o dinheiro bancou 228.196 cisternas nesse período -menos da quarta parte da meta de construir 1 milhão de cisternas em cinco anos.
Algumas doações indicam o prestígio com que o Fome Zero já contou. Foi o caso das três guitarras doadas por George Benson, Lenny Kravitz e Bono, o líder do U2. A de Kravitz rendeu R$ 322 mil, enquanto as demais renderam R$ 50 mil, num leilão promovido em 2007 pela Fiesp e que incluiu camisas autografadas da seleção de vôlei e obras de arte. No auge da popularidade, o programa mobilizou até socialites no Rio.
Parte das doações em dinheiro veio do exterior, informou o Ministério do Desenvolvimento Social. Doações em alimentos são livres de tributos.
O secretário de Articulação Institucional e Parcerias do ministério, Ronaldo Garcia, conta com novas doações de bois e madeira apreendidos no combate ao desmatamento ilegal. "Houve um momento de maior engajamento, com propaganda inclusive, mas arrefeceu."


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