São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 1999

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SÃO PAULO
Ministros de FHC, tucanos, petistas e opositores querem prestigiar governador, ainda em tratamento médico
Covas toma posse com secretariado antigo

CLÁUDIA TREVISAN
PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local

Oitenta e quatro ônibus, cerca de 3.000 pessoas, um telão, dezenas de caciques tucanos e até pagamento de promessa darão o tom da posse de Mário Covas hoje, na Assembléia Legislativa.
Com o objetivo de prestigiar o governador, que se recupera de uma cirurgia, integrantes do PSDB de outros Estados já confirmaram a presença na solenidade.
Pelo menos sete ministros de Fernando Henrique Cardoso estarão na cerimônia: Celso Lafer (Desenvolvimento), Pimenta da Veiga (Comunicações), Paulo Renato Souza (Educação), Clóvis Carvalho (Casa Civil), Bresser Pereira (Ciência e Tecnologia),Rafael Greca (Esportes e Turismo) e Raul Jungmann (Política Fundiária).
Além disso, virão os governadores tucanos Almir Gabriel (PA), Dante de Oliveira (MT) e Marconi Perillo (GO), integrantes da direção nacional do PSDB e parlamentares do partido de outros Estados.
"Vamos comparecer em peso para dar apoio. Será uma presença de aplauso", disse Teotonio Vilela Filho, presidente nacional do PSDB.
Mas a festa não será só tucana. Marta Suplicy (PT), que quase derrotou Covas na disputa por um lugar no segundo turno, confirmou presença com seu marido, senador Eduardo Suplicy (PT). Outro petista que vai comparecer é o deputado federal José Genoino. Os três apoiaram a candidatura do tucano contra Paulo Maluf (PPB).
"Vou à posse porque ajudei a eleger Covas", disse Marta.
Cotada para o secretariado de Covas, a deputada federal eleita Luiza Erundina (PSB) também estará na solenidade.
O prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PPB), que ensaia um distanciamento de Maluf, é outro político que acompanhará a posse.
² Militância
O plenário da Assembléia, onde será realizada a cerimônia, tem capacidade para cerca de 500 pessoas (incluindo a galeria).
Em razão disso, a militância do PSDB promete fazer sua própria festa no estacionamento da Assembléia, onde haverá um telão.
Edson Marques, coordenador do Núcleo de Ação Popular do PSDB, avalia que 84 ônibus sairão de várias regiões da periferia de São Paulo em direção ao local da posse.
Integrantes do núcleo esperam aproveitar a ocasião para pagar uma promessa pela recuperação de Covas: reunir 5.000 militantes para aplaudir Jesus por três minutos ininterruptos. Tudo dependerá do número de pessoas que acompanharão a posse hoje.
O governador ganhou uma eleição difícil e, no dia 14 de dezembro, passou por cirurgia de nove horas, na qual foram retiradas a bexiga e a próstata. Covas chorou ao deixar o hospital, em 28 de dezembro, depois de 25 dias internado.
"Pretendíamos fazer uma solenidade simples, mas militantes de todo o Estado começaram a ligar e manifestaram o desejo de acompanhar a posse", afirmou o deputado federal José Anibal (PSDB).
Segundo o presidente estadual do partido, Antônio Carlos Mendes Thame, serão tomadas todas as medidas necessárias para evitar que as pessoas se aproximem do governador.
"As autoridades não vão cumprimentá-lo e o telão será instalado para os que querem ver a posse não se sintam alijados", disse Thame.
Segundo a assessoria do Palácio dos Bandeirantes, não há nenhuma previsão de anúncio do novo secretariado. Covas deve assumir com a atual equipe e modificá-la nas próximas semanas.
Devido aos problemas de saúde do governador, tucanos acreditam que ele poderá tirar uma licença depois da posse. Ele assume a função hoje por uma exigência jurídica. Se isso não ocorresse, o cargo poderia ser declarado vago.
"Não há nada de anormal no fato de ele vir a tirar uma licença. O governador tem que cuidar de sua saúde", disse o líder do governo federal na Câmara, deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP).



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