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CONTAS PÚBLICAS
Governo promete executar parcela de outra dívida, de R$ 10 mi, anterior à renegociação de Azeredo
Embate FHC-Itamar terá teste na terça
VIVALDO DE SOUSA
SHIRLEY EMERICK
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
O governo federal espera até terça que Minas Gerais pague uma dívida de R$ 10 milhões, vencida desde o dia 1º de janeiro, cujo pagamento pode ser feito até o dia 12. Se
a prestação não for paga, o Ministério da Fazenda vai executar as
garantias previstas no contrato.
A Folha apurou que a primeira
opção do governo federal é reter e
usar uma parte da cota de Minas
no FPE (Fundo de Participação
dos Estados) para quitar a prestação. O repasse, estimado em R$ 12
milhões, está previsto para o próximo dia 20, quando vence outra
dívida do Estado com a União.
O secretário de Fazenda do Estado, Alexandre Dupeyrat, disse que
não está previsto nenhum pagamento para esta semana. "Há muito tempo, essas parcelas vêm sendo pagas no dia 20 de cada mês. Só
se eles estão querendo mudar as
regras do jogo sem nos avisar."
Na quarta-feira passada, o governador de Minas Gerais, Itamar
Franco (PMDB), anunciou a suspensão do pagamento de dívidas
por 90 dias, argumentando falta de
recursos em caixa.
Em resposta, o governo federal
informou que não iria renegociar
novamente os débitos do Estado.
Itamar se referia à rolagem de dívida acertada por seu antecessor,
Eduardo Azeredo (PSDB, 1994-98)
A prestação de R$ 10 milhões refere-se à dívida refinanciada pelo
governo mineiro com base na lei
8.727/93, aprovada quando Fernando Henrique Cardoso era ministro da Fazenda e sancionada pelo então presidente Itamar Franco.
Em novembro de 1998, essa dívida
era de R$ 1,21 bilhão.
Essa dívida não foi incluída no
contrato assinado em fevereiro de
1998, quando o governo federal refinanciou por 30 anos mais R$
10,18 bilhões e que gerou um pagamento mensal estimado em R$ 55
milhões neste mês. A prestação
desse contrato deve ser paga no dia
20 de janeiro.
De toda forma, será o primeiro
embate direto entre governo federal e estadual após o anúncio de
moratória por Itamar.
No caso da prestação que vence
amanhã, o contrato prevê que o
Estado tem uma tolerância de 11
dias corridos após o dia 1º de cada
mês. A União não pretende dar nenhum prazo adicional.
Estão previstas duas garantias:
repasses do FPE e arrecadação do
ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços). Como
a quota do FPE de Minas é superior
ao valor da prestação, o governo
avalia que não será necessário sacar recursos do ICMS em caso de
inadimplência.
A equipe econômica também
não sabe se a moratória planejada
pelo governo mineiro inclui todas
as dívidas renegociadas anteriormente ou apenas aquelas com base
na lei 9.496/97, durante o primeiro
mandato de FHC.
A Folha apurou ainda que a moratória poderá também dificultar a
liberação de US$ 170 milhões já
aprovados pelo Bird (Banco Mundial) para a reforma do Estado. Ao
negociar o empréstimo, o governo
mineiro conseguiu autorização
para gastar o dinheiro antes da liberação. O repasse dos recursos
depende do aval da União.
Caso consiga o financiamento,
que estaria para entrar no caixa do
governo mineiro nos próximos 120
dias, o Estado poderá aplicar o dinheiro, inclusive para pagar o 13º
salário de 1998, que está atrasado.
O anúncio de retenção dos recursos de Minas coincide com os primeiros sinais de recuo do governo
mineiro da moratória. Segundo
Dupeyrat, o Estado ainda tenta honrar o pagamento da dívida, previsto para daqui a nove dias.
"Isso não significa recuo: vamos
honrar os compromissos no momento possível", disse.
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