São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 1999

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Cidade do MS adota bolsa-escola

da enviada especial a Mundo Novo (MS)

Até fevereiro passado, os quatro filhos caçulas da paranaense Ercília Boing, 51, passavam as tardes nas ruas de Mundo Novo (MS) pedindo dinheiro para comer.
Ercília estava desempregada e com o marido eletricista sem poder trabalhar por causa dos remédios que toma para epilepsia.
Embora estivessem matriculadas na escola, as quatro crianças -com idades entre 5 e 13 anos- faltavam às aulas rotineiramente.
Só quando a família começou a receber os R$ 84 do programa bolsa-escola elas passaram a ir à escola regularmente.
Localizada na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, a cidade teve parte de suas terras inundadas pelo lago da hidrelétrica de Itaipu e sofre com o desemprego. Outras 70 famílias carentes com crianças entre 7 e 14 anos receberam o benefício em 98.
Além do grande número de desempregados, os salários de Mundo Novo são baixos: 6% das famílias têm renda mensal inferior a R$ 65 (meio salário mínimo).
Em vez de esperar pelo programa de renda mínima do governo federal, a prefeitura decidiu financiar o bolsa-escola, embora tenha receita mensal de apenas R$ 500 mil.
O programa custa mensalmente à cidade R$ 5.580 -cerca de 1% da receita total. Neste ano, serão atendidas mais 30 famílias.
Ainda é pouco. Segundo cálculos da própria prefeitura, há pelo menos mil famílias com renda inferior a meio salário mínimo e crianças em idade escolar. "Estamos resolvendo o problema de 10% das famílias que vivem na pobreza extrema. Já é um grande avanço", diz a prefeita Dorcelina Folador (PT).
Também inspirada na experiência do Distrito Federal, a Prefeitura de Mundo Novo criou em 97 o Prove (Programa de Verticalização da Pequena Produção Familiar).
O programa é voltado para produtores rurais de baixa renda. A prefeitura ajuda o produtor a obter financiamento bancário para a compra de equipamentos, além de auxiliar na organização e na comercialização do produto.
A instalação de uma agroindústria custa R$ 5.000, e os produtores têm um ano e meio para começar a pagar, com juros de 6% ao ano.
Até agora, estão em funcionamento uma indústria de queijo provolone e a outra de doce de leite. A terceira, de rapadura, começaria a funcionar no fim de 98.
O lucro mensal obtido pelo produtor é de R$ 200, e cada agroindústria gera seis empregos diretos.



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