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"Falta de auxílio atrai marginais", diz Incra
DA AGÊNCIA FOLHA, EM QUIPAPÁ E CARUARU
A superintendente do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Pernambuco, Maria de Oliveira, atribuiu o acesso de marginais aos assentamentos à "falta de assistência" nesses locais.
"Infelizmente, os assentamentos estavam sem assistência, e a
marginalidade ganhou espaço",
disse à Folha, por telefone.
A superintendente disse, entretanto, que "todos os envolvidos
em crimes e irregularidades" serão punidos. Segundo ela, uma
equipe do Incra atua especialmente para apurar os problemas.
Oliveira não confirmou nem
negou a informação do líder do
MST em Pernambuco, Jaime
Amorim, de que José Ricardo Rodrigues mantinha irregularmente
lotes em dois assentamentos.
Ex-dirigente do MST, Ricardo e
seu irmão, José Sérgio, são os
principais suspeitos de envolvimento na morte, no fim da semana, do PM Luiz Pereira da Silva
em assentamento em Quipapá.
No momento da perseguição
dos policiais, que resultou na
morte do PM, o assentado José
Laércio Bispo, 40, disse que estava
deitado no quarto de casa. Com o
barulho, saiu e ouviu um "estrondo". "Fiquei tonto e caí no chão.
Pedi socorro e fui levado ao hospital", disse Bispo, alegando ter levado um tiro de raspão na cabeça.
O assentado mostrou uma camisa manchada de sangue, que,
segundo ele, estava usando no
momento do conflito.
A superintendente disse que vai
combater a impunidade, mas que
"é preciso antes separar os bons
dos ruins". Referiu-se a assentados que estariam sendo manipulados por pessoas infiltradas.
Sobre a ação dos policiais, que
entraram sem autorização em
área federal -o assentamento
Bananeira, onde o PM foi morto-, disse não haver irregularidade. "A PM, em se tratando de
investigação de denúncia de crime organizado, pode entrar onde
for preciso. Bandido não pode se
sentir seguro por achar que terra
de reforma é terra de ninguém."
A superintendente do Incra,
que estava ontem em Brasília, disse que visitará o assentamento de
Quipapá, onde há 46 famílias, ainda nesta semana.
A ouvidora agrária substituta e
chefe de gabinete do Incra de PE,
Elizabete Rafael, esteve ontem na
gleba e disse aos lavradores que o
órgão estava preocupado com a
situação, mas que a investigação
era necessária.
A Polícia Civil de Pernambuco
designou delegado especial para
acompanhar o caso, Antonio Carlos Gomes e Câmara, delegado regional de Palmares, município
próximo ao assentamento. (FG)
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