São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

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"Falta de auxílio atrai marginais", diz Incra

DA AGÊNCIA FOLHA, EM QUIPAPÁ E CARUARU

A superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Pernambuco, Maria de Oliveira, atribuiu o acesso de marginais aos assentamentos à "falta de assistência" nesses locais.
"Infelizmente, os assentamentos estavam sem assistência, e a marginalidade ganhou espaço", disse à Folha, por telefone.
A superintendente disse, entretanto, que "todos os envolvidos em crimes e irregularidades" serão punidos. Segundo ela, uma equipe do Incra atua especialmente para apurar os problemas.
Oliveira não confirmou nem negou a informação do líder do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, de que José Ricardo Rodrigues mantinha irregularmente lotes em dois assentamentos.
Ex-dirigente do MST, Ricardo e seu irmão, José Sérgio, são os principais suspeitos de envolvimento na morte, no fim da semana, do PM Luiz Pereira da Silva em assentamento em Quipapá.
No momento da perseguição dos policiais, que resultou na morte do PM, o assentado José Laércio Bispo, 40, disse que estava deitado no quarto de casa. Com o barulho, saiu e ouviu um "estrondo". "Fiquei tonto e caí no chão. Pedi socorro e fui levado ao hospital", disse Bispo, alegando ter levado um tiro de raspão na cabeça.
O assentado mostrou uma camisa manchada de sangue, que, segundo ele, estava usando no momento do conflito.
A superintendente disse que vai combater a impunidade, mas que "é preciso antes separar os bons dos ruins". Referiu-se a assentados que estariam sendo manipulados por pessoas infiltradas.
Sobre a ação dos policiais, que entraram sem autorização em área federal -o assentamento Bananeira, onde o PM foi morto-, disse não haver irregularidade. "A PM, em se tratando de investigação de denúncia de crime organizado, pode entrar onde for preciso. Bandido não pode se sentir seguro por achar que terra de reforma é terra de ninguém."
A superintendente do Incra, que estava ontem em Brasília, disse que visitará o assentamento de Quipapá, onde há 46 famílias, ainda nesta semana.
A ouvidora agrária substituta e chefe de gabinete do Incra de PE, Elizabete Rafael, esteve ontem na gleba e disse aos lavradores que o órgão estava preocupado com a situação, mas que a investigação era necessária.
A Polícia Civil de Pernambuco designou delegado especial para acompanhar o caso, Antonio Carlos Gomes e Câmara, delegado regional de Palmares, município próximo ao assentamento. (FG)

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