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25 ANOS
Vice-presidente da entidade diz que o partido deve reconhecer que "ninguém é imune" e abandonar "velho discurso"
PT pecou ao se achar sem pecados, diz CNBB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O vice-presidente da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil), dom Antônio Celso de
Queirós, afirmou ontem que o
maior "pecado" do PT em seus 25
anos de existência foi justamente
querer se mostrar como um partido livre de pecados, imaculado.
"Muitas vezes o PT e pessoas do
PT pecaram por querer se apresentar como o único partido político limpo, como os puros no
meio de tudo que era sujo na política brasileira", disse ele em Brasília, ontem à tarde, depois de participar do lançamento da Campanha da Fraternidade deste ano,
cujo tema é "Solidariedade e Paz".
Na opinião do bispo, ninguém é
"absolutamente imune às impurezas e à sujeira da vida", nem
mesmo o Partido dos Trabalhadores. "Todos temos que aceitar
isso. E é bom que o partido também reconheça isso agora e abandone aquele velho discurso."
Para mostrar que o PT não é tão
puro como prega, dom Antônio
Celso citou as alianças que o partido fez para chegar à Presidência
da República e manter a chamada
governabilidade: "O PT aceitou
dentro do partido e como aliados
aqueles que não tinham nada a
ver com o ideal petista de justiça
social. É a busca do poder. O PT
negava esse jogo, mas agora está
se submetendo a ele".
Apesar desse "pecado", o vice-presidente da CNBB fez um balanço positivo dos 25 anos do PT.
Para ele, o principal mérito da sigla do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva é ter nascido a partir de
"um ideal de justiça social muito
concreto", e não de "um ajuntamento de interesses difusos, como normalmente ocorre com os
partidos brasileiros".
"Oxalá surjam outros partidos
como o PT, com ideário, embora
eu saiba que nenhum deles vai ficar purinho até o fim", afirmou.
No lançamento da campanha, o
presidente da CNBB, dom Geraldo Majella Agnelo, também criticou o governo federal. "A miséria
ainda é muito grande. Não quero
nem falar em fome, mas em miséria, que tira a dignidade das pessoas", disse, ao ser indagado sobre os 25 meses do governo Lula.
Para o cardeal, os brasileiros
não precisam de "esmola". "O
que todos querem é trabalho,
educação e saúde, premissas básicas a que todos têm direito."
D. Geraldo Majella também comentou o estado de saúde do papa João Paulo 2º, que ficou internado durante a semana passada,
no Vaticano. "Penso que ele tem o
propósito de governar a igreja como uma missão, e ela só termina
com a sua morte".(RW)
Colaborou a Agência Folha, em Salvador
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