São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

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25 ANOS

Vice-presidente da entidade diz que o partido deve reconhecer que "ninguém é imune" e abandonar "velho discurso"

PT pecou ao se achar sem pecados, diz CNBB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O vice-presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Antônio Celso de Queirós, afirmou ontem que o maior "pecado" do PT em seus 25 anos de existência foi justamente querer se mostrar como um partido livre de pecados, imaculado.
"Muitas vezes o PT e pessoas do PT pecaram por querer se apresentar como o único partido político limpo, como os puros no meio de tudo que era sujo na política brasileira", disse ele em Brasília, ontem à tarde, depois de participar do lançamento da Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é "Solidariedade e Paz".
Na opinião do bispo, ninguém é "absolutamente imune às impurezas e à sujeira da vida", nem mesmo o Partido dos Trabalhadores. "Todos temos que aceitar isso. E é bom que o partido também reconheça isso agora e abandone aquele velho discurso."
Para mostrar que o PT não é tão puro como prega, dom Antônio Celso citou as alianças que o partido fez para chegar à Presidência da República e manter a chamada governabilidade: "O PT aceitou dentro do partido e como aliados aqueles que não tinham nada a ver com o ideal petista de justiça social. É a busca do poder. O PT negava esse jogo, mas agora está se submetendo a ele".
Apesar desse "pecado", o vice-presidente da CNBB fez um balanço positivo dos 25 anos do PT. Para ele, o principal mérito da sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é ter nascido a partir de "um ideal de justiça social muito concreto", e não de "um ajuntamento de interesses difusos, como normalmente ocorre com os partidos brasileiros".
"Oxalá surjam outros partidos como o PT, com ideário, embora eu saiba que nenhum deles vai ficar purinho até o fim", afirmou.
No lançamento da campanha, o presidente da CNBB, dom Geraldo Majella Agnelo, também criticou o governo federal. "A miséria ainda é muito grande. Não quero nem falar em fome, mas em miséria, que tira a dignidade das pessoas", disse, ao ser indagado sobre os 25 meses do governo Lula.
Para o cardeal, os brasileiros não precisam de "esmola". "O que todos querem é trabalho, educação e saúde, premissas básicas a que todos têm direito."
D. Geraldo Majella também comentou o estado de saúde do papa João Paulo 2º, que ficou internado durante a semana passada, no Vaticano. "Penso que ele tem o propósito de governar a igreja como uma missão, e ela só termina com a sua morte".(RW)


Colaborou a Agência Folha, em Salvador

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