São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Sinuca

Se endossar, ainda que discretamente, a permanência de Michel Temer no comando do PMDB, atendendo aos apelos de seus neo-aliados na sigla e do Campo Majoritário petista, Lula fará um estrago difícil de consertar em suas relações com José Sarney e Renan Calheiros, peemedebistas desde sempre aliados ao Planalto. Se, por outro lado, o presidente optar por satisfazer a dupla, bancando a candidatura de Nelson Jobim, atiçará a fúria dos deputados do PMDB, que já começam a perder a paciência com a demora em receber as devidas compensações pelo patrocínio dado à vitória de Arlindo Chinaglia. Tudo isso com o PAC no meio para ser votado. O dilema embute mais risco de prejuízo do que o enfrentado na eleição da Câmara.

Léxico 1. O termo "refundação", contido inicialmente na tese do grupo de Tarso Genro, caiu em desgraça na festa de aniversário dos 27 anos do PT, em Salvador. Nem mesmo o ministro queria saber dele. "É apenas uma palavra", minimizou ontem.

Léxico 2. Em contrapartida, os dirigentes se esforçavam para afastar a idéia de disputa entre Tarso e José Dirceu pelo comando da sigla. Na boca de todos, um só bordão: "Não vamos fulanizar".

Eu sozinho. Excluído da chapa do Campo Majoritário na eleição interna do PT, em 2005, Eduardo Suplicy não foi convidado a assinar nenhum documento das correntes para o congresso da sigla. "Sou só PT", diz o senador.

Paparazzo. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), uma das mais animadas na noite de homenagem a José Dirceu em Salvador, fotografou sem parar a apresentação do grupo Ilê Ayê, responsável pela execução do Hino Nacional.

Epopéia 1. Correligionários de Jaques Wagner distribuíram na festa centenas de caderninhos contando a história da vitória do petista sobre o clã de ACM na Bahia.

Epopéia 2. O material foi intitulado "Crônica de uma vitória não anunciada", dado que as pesquisas não previram a vitória relativamente folgada de Wagner na disputa pelo governo do Estado.

Chegando 1. Dois policiais federais entraram ontem no congresso do PTB para dizer a Roberto Jefferson que o delegado Daniel França dos Anjos quer ouvi-lo terça no inquérito dos Correios. Não esclareceram se na condição de testemunha ou de acusado. Jefferson respondeu que não estará na capital nesse dia.

Chegando 2. O presidente do PTB diz que não há nada de concreto contra ele na investigação dos Correios e que se trata de uma ofensiva do governo para intimidá-lo. Ameaça processar o delegado.

Às moscas. Brasília reviveu ontem seus dias de cidade-fantasma. Enquanto metade do governo se transferia para a festa em Salvador, o Judiciário em peso desembarcava em Fortaleza para o casamento do filho do ministro César Asfor Rocha, do TSE.

Global. O PSDB vai convidar representantes da social-democracia da Alemanha, EUA, Espanha e Portugal para o congresso que discutirá sua renovação programática, previsto para julho ou agosto.

Tarde de estréia. Paulo Maluf (PP-SP) fará seu primeiro pronunciamento na tribuna da Câmara na próxima quarta-feira. Compenetrado integrante da base aliada de Lula, o ex-prefeito discorrerá sobre os entraves ao crescimento econômico.

Rojões. Crítico aguerrido da administração de Joaquim Roriz (PMDB) no Distrito Federal, o PT já repete a dose com José Roberto Arruda (PFL). O foco, por enquanto, são as ações midiáticas do governador. "Vai faltar foguete no DF para tanta pirotecnia", provoca Geraldo Magela.

Tiroteio

"O camaleão muda de cor por fora, mas por dentro continua igualzinho. É bom o povo saber que o novo PD é o velho PFL de sempre". Do deputado federal DOUTOR ROSINHA (PT-PR), sobre a mudança de nome do Partido da Frente Liberal para Partido Democrata.

Contraponto

Fora do script

Na semana passada, Dilma Rousseff foi ao Congresso levar a mensagem de abertura do ano legislativo. A solenidade contou com a presença dos Dragões da Independência, que formaram duas fileiras para que a ministra da Casa Civil e as demais autoridades passassem.
-Dragões, ao meu comando! O presidente do Senado-, anunciou o comandante.
Desatento ao protocolo, Renan Calheiros (PMDB-AL) passou por trás dos Dragões. Observando a cena, José Sarney (PMDB-AP) recordou seus tempos na Presidência:
-Já fui inspecionar um navio da Marinha e o comandante gritou: "Marinheiro, fogo!". Na hora, dei um pulo!


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