São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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Ex-dirigentes de fundo têm bens bloqueados

Perícia pedida pela Justiça apura prejuízo de R$ 29 milhões no Nucleos, investigado pela CPI dos Correios

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Justiça Federal determinou o bloqueio dos bens de quatro ex-dirigentes do fundo de pensão Nucleos (estatais nucleares) no governo do PT, investigados na CPI dos Correios por suspeitas de terem alimentado o "valerioduto".
A decisão, publicada na quinta-feira, baseou-se em perícia encomendada pela Justiça que apurou prejuízo ao fundo, entre 2004 e 2005, no valor de R$ 28,52 milhões. No período, estavam no comando da fundação Paulo Roberto Almeida Figueiredo (presidente), Gildásio Amado Filho (diretor financeiro), Abel Almeida (diretor de benefícios) e Fabiana Carneiro Castro (gerente financeira).
"Conforme concluiu o perito (...), os títulos públicos foram adquiridos com valor superior ao praticado no mercado (...), sendo que a operação para tal aquisição foi realizada fora dos padrões determinados", escreveu a juíza federal substituta da 22ª Vara Federal, Lilea Pires de Medeiros, ao conceder liminar.
O Nucleos surgiu como um dos principais alvos da CPI após uma série de reportagens publicadas pela Folha sobre suspeitas de desvios na fundação supostamente patrocinados pelo ex-secretário do PT e ex-assessor de José Dirceu Marcelo Sereno.
Um dos exemplos da ingerência exercida por Sereno no Nucleos foi confirmada por um documento obtido pela Folha em 2005. Em outubro de 2004, Sereno pediu a Gildásio (diretor financeiro) que recebesse o gestor de uma administradora de recursos que fazia operações para fundos de pensão.
A demanda de Sereno foi anotada por uma das secretárias do Nucleos, respondida por Gildásio no mesmo bilhete.
O operador de mercado financeiro Christian de Almeida Rego foi apontado pela CPI como um dos maiores beneficiários das perdas do Nucleos. Ele é primo de Fabiana Castro (ex-gerente financeira) e conhecido de Sereno. Este foi ao casamento de Christian, em 2004.
A SPC (Secretaria de Previdência Complementar) e uma auditoria encomendada pela nova direção do Nucleos haviam identificados grandes perdas na gestão dos acusados.
No final de 2005, a SPC considerou que a diretoria passada agiu com "negligência" ao fazer aplicações no Banco Santos que resultaram em prejuízo de R$ 7 milhões. A auditoria constatou perdas de R$ 22,7 milhões entre 2004 e 2005.


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