São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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Após eleição, 41 deputados estaduais mudam de partido

PSB e PTB foram as siglas que receberam mais parlamentares no troca-troca

Partido com mais baixas foi o PFL, que perdeu nove deputados; Assembléia Legislativa de PE tem o maior número de migrações


THIAGO REIS
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

Pouco mais de uma semana após a posse, 41 deputados estaduais de todo o país já aparecem em partidos diferentes dos que estavam quando foram eleitos. O PFL, que, na semana passada, aprovou a mudança de nome para PD, sofreu a maior debandada: nove parlamentares abandonaram a legenda.
Levantamento feito pela Folha mostra que o PSB e o PTB foram os partidos que mais receberam deputados: seis cada um. Já o recém-criado PR foi o destino escolhido por outros cinco deputados dissidentes.
O troca-troca ocorreu na Câmara Distrital, em Brasília, e em 15 Assembléias Legislativas. A de Pernambuco lidera a estatística: 8 dos 49 eleitos mudaram de sigla.
Metade migrou para o PR, sob a influência do deputado federal Inocêncio Oliveira, novo corregedor da Câmara, ex-PFL, que se filiou ao partido.
"Não posso ficar em um partido que só tem cacique", diz o deputado estadual Manoel Ferreira, que também saiu do PFL e entrou no PR.
Segundo ele, além de desentendimentos com o partido, a amizade com Inocêncio Oliveira foi crucial para a mudança. "Outros colegas também seguiram o mesmo caminho [um do PV, um do PP e um do PTB]. Ele [Inocêncio] exerce uma grande liderança", disse.
Em Minas Gerais, sete deputados trocaram de partido. Quatro deles pertenciam a nanicos e resolveram integrar a bancada do PSB.
Para o deputado Deiró Marra (PSB-MG), que deixou o PL, um dos motivos para a mudança é a possibilidade de fazer parte da base de apoio do governador Aécio Neves (PSDB).
"O PSB hoje não é mais o partido que era antes. Ele está menos radical, mais para centro-esquerda", afirma.
Minas Gerais e Acre são os únicos Estados em que, contrariando a tendência nacional, deputados migraram para o PFL. Foram três adesões em Minas e uma no Acre.
Para o cientista político Geraldo Tadeu, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), existe uma tendência de os deputados eleitos por partidos nanicos migrarem para legendas maiores a fim de participar de comissões das Casas.
Juntos, PTC, PMN, PT do B, PAN, PL, PRTB, PSC e PRP perderam 16 deputados.
"Para o eleitor, não faz diferença o partido. Ele vota na pessoa, no candidato. Partido no Brasil é marca fantasia."
As grandes legendas saíram no lucro. O PSDB ganhou quatro novos deputados; perdeu três. O PMDB ganhou cinco; perdeu quatro.
O PT não perdeu nem ganhou nenhum parlamentar nas Assembléias até agora.
Cinco dos 1.059 deputados estaduais largaram os partidos, mas ainda não se filiaram a uma sigla.
O troca-troca é, proporcionalmente, igual ao observado até agora na Câmara, onde 20 deputados mudaram de legenda: 3,9% do total.

Declínio do PFL
Em 1998, o PFL elegeu 170 deputados estaduais. Já em 2002, houve uma queda: 120. Neste ano, 119 parlamentares do partido saíram vitoriosos das urnas.
Em razão das trocas, o PFL (que perdeu nove deputados e ganhou quatro) começa esta legislatura com menos deputados ainda: 114.
Para Tadeu, o partido está em uma posição secundária, pois, desde a eleição de Lula, perdeu seu vínculo com o poder, tornando-se um partido satélite do PSDB.


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