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Após eleição, 41 deputados estaduais mudam de partido
PSB e PTB foram as siglas que receberam mais parlamentares no troca-troca
Partido com mais baixas foi o PFL, que perdeu nove deputados; Assembléia Legislativa de PE tem o maior número de migrações
THIAGO REIS
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
Pouco mais de uma semana
após a posse, 41 deputados estaduais de todo o país já aparecem em partidos diferentes dos
que estavam quando foram
eleitos. O PFL, que, na semana
passada, aprovou a mudança de
nome para PD, sofreu a maior
debandada: nove parlamentares abandonaram a legenda.
Levantamento feito pela Folha mostra que o PSB e o PTB
foram os partidos que mais receberam deputados: seis cada
um. Já o recém-criado PR foi o
destino escolhido por outros
cinco deputados dissidentes.
O troca-troca ocorreu na Câmara Distrital, em Brasília, e
em 15 Assembléias Legislativas. A de Pernambuco lidera a
estatística: 8 dos 49 eleitos mudaram de sigla.
Metade migrou para o PR,
sob a influência do deputado
federal Inocêncio Oliveira, novo corregedor da Câmara, ex-PFL, que se filiou ao partido.
"Não posso ficar em um partido que só tem cacique", diz o
deputado estadual Manoel Ferreira, que também saiu do PFL
e entrou no PR.
Segundo ele, além de desentendimentos com o partido, a
amizade com Inocêncio Oliveira foi crucial para a mudança.
"Outros colegas também seguiram o mesmo caminho [um do
PV, um do PP e um do PTB]. Ele
[Inocêncio] exerce uma grande
liderança", disse.
Em Minas Gerais, sete deputados trocaram de partido.
Quatro deles pertenciam a nanicos e resolveram integrar a
bancada do PSB.
Para o deputado Deiró Marra
(PSB-MG), que deixou o PL,
um dos motivos para a mudança é a possibilidade de fazer
parte da base de apoio do governador Aécio Neves (PSDB).
"O PSB hoje não é mais o partido que era antes. Ele está menos radical, mais para centro-esquerda", afirma.
Minas Gerais e Acre são os
únicos Estados em que, contrariando a tendência nacional,
deputados migraram para o
PFL. Foram três adesões em
Minas e uma no Acre.
Para o cientista político Geraldo Tadeu, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), existe uma tendência de
os deputados eleitos por partidos nanicos migrarem para legendas maiores a fim de participar de comissões das Casas.
Juntos, PTC, PMN, PT do B,
PAN, PL, PRTB, PSC e PRP
perderam 16 deputados.
"Para o eleitor, não faz diferença o partido. Ele vota na
pessoa, no candidato. Partido
no Brasil é marca fantasia."
As grandes legendas saíram
no lucro. O PSDB ganhou quatro novos deputados; perdeu
três. O PMDB ganhou cinco;
perdeu quatro.
O PT não perdeu nem ganhou nenhum parlamentar nas
Assembléias até agora.
Cinco dos 1.059 deputados
estaduais largaram os partidos,
mas ainda não se filiaram a
uma sigla.
O troca-troca é, proporcionalmente, igual ao observado
até agora na Câmara, onde 20
deputados mudaram de legenda: 3,9% do total.
Declínio do PFL
Em 1998, o PFL elegeu 170
deputados estaduais. Já em
2002, houve uma queda: 120.
Neste ano, 119 parlamentares
do partido saíram vitoriosos
das urnas.
Em razão das trocas, o PFL
(que perdeu nove deputados e
ganhou quatro) começa esta legislatura com menos deputados ainda: 114.
Para Tadeu, o partido está
em uma posição secundária,
pois, desde a eleição de Lula,
perdeu seu vínculo com o poder, tornando-se um partido
satélite do PSDB.
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