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Vídeo reforça suspeita de suborno no DF
Em gravação, ex-secretário de Arruda diz que governador "precisava" de Edson Sombra, testemunha no inquérito do mensalão do DEM
Weligton Moraes nega que tenha falado sobre suborno; assessoria de Arruda afirma não ter o que comentar e que se trata de armação
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um vídeo que está sendo periciado pela Polícia Federal reforça a suspeita de que o governador José Roberto Arruda
(sem partido) ofereceu R$ 1 milhão para uma testemunha depor a favor dele no inquérito do
mensalão do DEM.
Na gravação obtida pela Folha, um ex-secretário do Distrito Federal, próximo ao governador, afirma ter ouvido Arruda dizer que precisava da "ajuda" da testemunha, o jornalista
Edson Sombra.
Sombra gravou o vídeo e o
entregou à PF afirmando ser
prova da tentativa de suborno
por parte do governador.
O ex-secretário de Comunicação Weligton Moraes aparece no vídeo conversando com
Sombra sobre o repasse de R$ 1
milhão em troca de um depoimento favorável a Arruda. No
diálogo, o jornalista comenta
com Moraes que temia ser alvo
de "armação" de Arruda e pergunta se o ex-secretário levou a
preocupação ao governador.
Moraes conta que Arruda
afirmou não existir armadilha.
"Eu é que preciso dele. Estou
indo atrás dele porque preciso
de ajuda", disse Arruda, segundo relato de Moraes no vídeo.
A assessoria de Arruda disse
não ter o que comentar sobre o
diálogo. Reiterou se tratar de
armação e negou a participação
dele na tentativa de suborno.
Gravado no escritório da casa
de Sombra, o vídeo mostra Moraes dizendo que havia estado
no dia anterior com Arruda. O
ex-secretário, que deixou o cargo na semana passada, confirmou à Folha que falou com o
governador sobre Sombra.
Contudo, diz apenas ter levado a Arruda uma reclamação
do jornalista, que suspeitava
estar sendo monitorado pela
polícia. Confirma também que
deixou Sombra usar o celular
dele para falar com o governador, mas que saiu da sala e não
ouviu a conversa. "Não sei o
contexto dessas frases [do vídeo]. Se tem [essas frases] com
certeza não estão relacionadas
com essa lama", diz Moraes.
O ex-secretário nega ter falado sobre dinheiro ou suborno.
"Ele pode ter falado, mas não
ouvi", disse, ao ser questionado
sobre o momento em que Sombra descreve a forma de pagamento do suborno.
Sombra diz que escolheu
Moraes como interlocutor para
negociar o suborno. Mas, segundo o jornalista, Arruda preferiu destituir o secretário da
função e escalar o funcionário
público aposentado Antônio
Bento, que está preso desde
quinta passada, quando entregou sacola com R$ 200 mil ao
jornalista. Bento foi gravado
negociando o suborno em ao
menos cinco vídeos.
Numa das gravações, Sombra diz que Eliana Pedrosa, deputada do DEM, e o advogado
Eri Varella estavam na casa dele quando foram acertados detalhes do pagamento. Nesse vídeo, Bento insiste para pegar a
carta que favoreceria Arruda.
Eliana confirma que esteve
na casa de Sombra, mas diz que
não viu Bento nem ouviu a conversa. Afirma que o jornalista
nunca lhe falou sobre suborno
e que se encontrou com Sombra porque "é colega dele". O
advogado não foi localizado.
Colaboraram FILIPE COUTINHO e HUDSON CORRÊA, da Sucursal de Brasília
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