São Paulo, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

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Vídeo reforça suspeita de suborno no DF

Em gravação, ex-secretário de Arruda diz que governador "precisava" de Edson Sombra, testemunha no inquérito do mensalão do DEM

Weligton Moraes nega que tenha falado sobre suborno; assessoria de Arruda afirma não ter o que comentar e que se trata de armação


FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um vídeo que está sendo periciado pela Polícia Federal reforça a suspeita de que o governador José Roberto Arruda (sem partido) ofereceu R$ 1 milhão para uma testemunha depor a favor dele no inquérito do mensalão do DEM. Na gravação obtida pela Folha, um ex-secretário do Distrito Federal, próximo ao governador, afirma ter ouvido Arruda dizer que precisava da "ajuda" da testemunha, o jornalista Edson Sombra.
Sombra gravou o vídeo e o entregou à PF afirmando ser prova da tentativa de suborno por parte do governador.
O ex-secretário de Comunicação Weligton Moraes aparece no vídeo conversando com Sombra sobre o repasse de R$ 1 milhão em troca de um depoimento favorável a Arruda. No diálogo, o jornalista comenta com Moraes que temia ser alvo de "armação" de Arruda e pergunta se o ex-secretário levou a preocupação ao governador.
Moraes conta que Arruda afirmou não existir armadilha. "Eu é que preciso dele. Estou indo atrás dele porque preciso de ajuda", disse Arruda, segundo relato de Moraes no vídeo. A assessoria de Arruda disse não ter o que comentar sobre o diálogo. Reiterou se tratar de armação e negou a participação dele na tentativa de suborno.
Gravado no escritório da casa de Sombra, o vídeo mostra Moraes dizendo que havia estado no dia anterior com Arruda. O ex-secretário, que deixou o cargo na semana passada, confirmou à Folha que falou com o governador sobre Sombra.
Contudo, diz apenas ter levado a Arruda uma reclamação do jornalista, que suspeitava estar sendo monitorado pela polícia. Confirma também que deixou Sombra usar o celular dele para falar com o governador, mas que saiu da sala e não ouviu a conversa. "Não sei o contexto dessas frases [do vídeo]. Se tem [essas frases] com certeza não estão relacionadas com essa lama", diz Moraes.
O ex-secretário nega ter falado sobre dinheiro ou suborno. "Ele pode ter falado, mas não ouvi", disse, ao ser questionado sobre o momento em que Sombra descreve a forma de pagamento do suborno.
Sombra diz que escolheu Moraes como interlocutor para negociar o suborno. Mas, segundo o jornalista, Arruda preferiu destituir o secretário da função e escalar o funcionário público aposentado Antônio Bento, que está preso desde quinta passada, quando entregou sacola com R$ 200 mil ao jornalista. Bento foi gravado negociando o suborno em ao menos cinco vídeos. Numa das gravações, Sombra diz que Eliana Pedrosa, deputada do DEM, e o advogado Eri Varella estavam na casa dele quando foram acertados detalhes do pagamento. Nesse vídeo, Bento insiste para pegar a carta que favoreceria Arruda.
Eliana confirma que esteve na casa de Sombra, mas diz que não viu Bento nem ouviu a conversa. Afirma que o jornalista nunca lhe falou sobre suborno e que se encontrou com Sombra porque "é colega dele". O advogado não foi localizado.

Colaboraram FILIPE COUTINHO e HUDSON CORRÊA, da Sucursal de Brasília



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