São Paulo, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

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PF acha R$ 625 mil com aliados de governador

FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal apreendeu na operação Caixa de Pandora cerca de R$ 625 mil nas casas dos principais aliados do governador José Roberto Arruda (sem partido), suspeito de comandar o mensalão do DEM, um esquema no governo do Distrito Federal de pagamento de propina a políticos.
A Folha teve acesso às analises da PF sobre o material encontrado. Os policiais federais acharam R$ 85 mil na casa do ex-presidente da Câmara Legislativa do DF Leonardo Prudente (sem partido) -filmado colocando dinheiro nas meias.
O deputado renunciou à presidência da Câmara Legislativa no dia 25 de janeiro.
Cerca de R$ 20 mil estavam num "cofre dissimulado" escondido no quarto da filha do deputado. Outros R$ 56 mil foram guardados dentro do motor da banheira de hidromassagem do quarto de Prudente.
No dia da operação, 27 de novembro passado, a PF flagrou um dos filhos de Prudente tentando fugir com cerca de R$ 9.000 em uma mala "retirada furtivamente sem autorização". Segundo a assessoria do deputado distrital, o dinheiro foi declarado no Imposto de Renda. Afirma também que ele mesmo revelou onde o dinheiro estava e que os R$ 9.000 pertenciam ao seu filho.
O maior volume de dinheiro foi encontrado na casa da deputada Eurides Brito (PMDB), filmada colocando dinheiro na bolsa. Ela mantinha em casa cerca de R$ 244 mil e outros US$ 9.000. Sua assessoria de imprensa afirma que ela guarda dinheiro em casa por "hábito". Diz também que declarou à Receita Federal todos os valores que guardava.
Na casa de José Geraldo Maciel, ex-chefe da Casa Civil, a PF achou R$ 38 mil. Em depoimentos à Justiça, Durval Barbosa, delator do mensalão, afirma que Maciel era o responsável por distribuir propina à base aliada de Arruda. O ex-chefe da Casa Civil não ligou de volta.
Na residência de Domingos Lamoglia, ex-chefe de gabinete de Arruda, foram encontrados R$ 135 mil. Ele foi filmado por Barbosa recebendo dinheiro.
No mesmo vídeo, aparece Omézio Pontes, ex-assessor de imprensa de Arruda. Na casa dele, a PF apreendeu US$ 22,9 mil e 5.100 euros, o que corresponde a R$ 55,6 mil. Procurados, Pontes e Lamoglia não ligaram de volta.
A PF fez apreensão até no anexo da residência oficial de Arruda, onde encontrou R$ 33 mil no gabinete de Fábio Simão, então chefe de gabinete de Arruda. Na casa dele, os federais acharam mais R$ 25 mil.
O montante achado no gabinete tem a mesma série do dinheiro pego por Durval Barbosa com empresas que supostamente pagavam propina. Simão afirma que o dinheiro era dele e que foi declarado, mas se recusou a dar mais detalhes.
Entre o material apreendido, chamou atenção dos investigadores da Polícia Federal a anotação "R$ 17.700 Arruda" em agenda da secretária de Simão. A assessoria de Arruda afirma que as anotações são a respeito de um reembolso de uma passagem para o Japão.


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