São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2006

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CAMPO MINADO

Aracruz ainda calcula prejuízo causado por depredação no RS

Invasão foi barbárie, diz empresa

Marcos Michael/JC Imagem
SALÁRIO Trabalhadores ligados ao MST protestaram na Fazenda Canadá (PE), de criação de avestruzes, por trabalhadores da propriedade que dizem estar sem salários; no CE, a fazenda Chorozinho foi invadida

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O prejuízo causado pela depredação do horto florestal da Aracruz Celulose na manhã de anteontem por mulheres ligadas à Via Campesina, em Barra do Ribeiro (RS), pode chegar a milhões de dólares, disse a empresa.
Preocupado, o governo gaúcho tentava evitar a perda de um investimento de US$ 1,2 bilhão mostrando agilidade nas investigações. O governador interino, Antônio Hohfeldt (PMDB), anunciou que seis dos 37 ônibus que conduziram os invasores já tiveram as placas identificadas.
Nota da Aracruz apontou "perda de aproximadamente 1 milhão de mudas prontas para plantio e 4 milhões de mudas revolvidas. O laboratório teve suas instalações totalmente destruídas, especialmente sementes e pesquisas". A destruição do laboratório causou prejuízos de US$ 400 mil e "representa perda ainda não determinada em produtividade florestal da ordem de milhões de dólares, decorrente da perda de materiais genéticos que levaram cerca de 15 anos para serem produzidos".
O secretário de Desenvolvimento, Luís Roberto Ponte, disse que ""se a sociedade não repudiar esse ato, isso será mortal para as negociações com os investidores".
O diretor operacional da Aracruz, Walter Lidio Nunes, disse que não há intenção de cancelar investimentos: ""Esse ato de barbárie é alienígena ao ambiente do Rio Grande do Sul. Vamos manter nossos estudos no Estado".
O PT gaúcho chamou a ação de "equivocada". O ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) condenou a invasão: ""As imagens mostram cenas de inaceitável violência e ferem a consciência democrática de todos os brasileiros". E disse: ""É inaceitável substituir o argumento pela destruição violenta e a troca de idéias pela intolerância".
Representantes da CNBB também criticaram a invasão. "Foi uma ação lastimável, um equívoco", disse o bispo de Jales (SP), d. Demétrio Valentini. Para d. Aldo Di Cillo Pagotto, arcebispo da Paraíba, "foi um ato execrável e abominável". A ação, porém, foi elogiada por d. Tomás Balduíno, presidente da CPT, que a classificou de "altamente positiva".


Colaborou EDUARDO SCOLESE, da Sucursal de Brasília


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