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OMC está perto de achar "ponto G", diz Lula
Declaração, feita durante coletiva com Bush, em SP, provocou gargalhadas; americanos, porém, não entenderam a fala
Em seguida, petista disse a americano que Brasil e EUA poderiam buscar o "ponto de equilíbrio" e levar oferta conjunta a outros países
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que as
negociações comerciais entre
países ricos e pobres na OMC
(Organização Mundial do Comércio) estão próximas de "encontrar o "ponto G'", que poderia agradar todos os envolvidos.
"Já conversamos muito ao
longo dos últimos meses e estamos andando. Andando com
muita solidez para encontrarmos o chamado "ponto G" para
fazer um acordo. Estou convencido disso", afirmou Lula,
sorrindo e com uma das mãos
levantada, com os dedos polegar e o indicador unidos, como
se tivesse mostrando o ponto a
que se referia.
A declaração, feita durante
entrevista coletiva ao lado do
presidente dos EUA, George W.
Bush, em um hotel em São Paulo, arrancou gargalhadas dos
brasileiros presentes. Os americanos, inclusive Bush, pareceram não ter entendido o sentido das declarações de Lula.
O "ponto G", cuja existência
ainda é questionada, teria sido
identificado na década de 50
pelo médico alemão Ernst Gräfenberg. Seria uma concentração de terminações nervosas,
vasos sangüíneos e glândulas ligadas ao clitóris que se concentram em torno da uretra.
O "ponto G" seria particularmente sensível à pressão e, estimulado, capaz de proporcionar
intensos orgasmos.
Depois, Lula disse a Bush que
Brasil e EUA poderiam tentar
em conjunto encontrar "um
ponto de equilíbrio" na negociação entre os dois países e levar uma oferta conjunta aos demais envolvidos na negociação.
Bush demonstrou ceticismo
com a idéia. "Podemos chegar a
um acordo sobre o qual os outros países não vão concordar,
transformando tudo em um
fracasso", disse o americano.
A atual negociação na OMC é
considerada vital pelo Brasil
(que lidera o G20, grupo de países emergentes) para reduzir a
miséria nas nações mais pobres. Isso se daria pelo maior
acesso de produtos agrícolas
aos mercados mais ricos.
As negociações estão emperradas há meses em três pontos:
1) os EUA teriam de reduzir os
subsídios bilionários dados a
seus agricultores; 2) a União
Européia deveria abrir mais o
seu mercado à entrada de produtos agrícolas; e 3) Brasil e demais emergentes teriam de
aceitar mais importações de
produtos industriais e de serviços dos países ricos.
O "ponto G" a que Lula se referiu seria uma conjunção perfeita de propostas que agradassem a todos os envolvidos.
"Quando se negocia, ninguém quer colocar a primeira
carta na mesa. Certamente eu
tenho a minha no colete. Bush
também tem a dele, e a União
Européia, a dela. Em algum
momento vamos colocar as
cartas na mesa e ver se fechamos um acordo", disse Lula.
Diante dos ministros responsáveis pela negociação, Bush
brincou que deveria "fechá-los
em uma sala" para tentar avançar nas negociações.
Lula se disse ainda disposto a
participar, "em qualquer lugar
do mundo", de encontros com
líderes de outros países se isso
permitir a superação das dificuldades para um acordo.
"A redemocratização não foi
suficiente para impedir que milhões de sul-americanos vivam
na extrema pobreza. Nós, presidentes, devemos pensar na
vida dessas pessoas, que, além
de democracia, querem conquistar a cidadania", disse Lula.
Bush disse concordar que
"democracia só prospera quando há desenvolvimento social".
Mas o americano lembrou que,
enquanto não há resultados na
OMC, "há muitos acordos bilaterais indo em frente" na América Latina entre os EUA e outros países.
(FERNANDO CANZIAN)
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