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Bush manifesta preocupação com Chávez
Afirmação foi feita em conversa reservada com Lula; publicamente, o presidente dos EUA não quis falar sobre o tema
Norte-americano exalta liderança do brasileiro na AL; "respeitamos as opções políticas e econômicas de cada país", diz o petista
ELIANE CANTANHÊDE
EDUARDO SCOLESE
EM SÃO PAULO
Embora não tenha se manifestado publicamente sobre
Hugo Chávez, o presidente
George W. Bush seguiu o script
e falou a Lula da sua preocupação com a ascendência do presidente da Venezuela sobre outros países da América do Sul.
Segundo a Folha apurou, Bush
concluiu que disso depende a
estabilidade do continente.
Lula, também de acordo com
o script, não alimentou a discussão sobre Chávez. Ele mais
ouviu do que falou e, quando
falou, foi para defender os países da América do Sul.
Ele disse a Bush que há desigualdades sociais graves e históricas e citou como exemplo
de reivindicações justas o presidente boliviano Evo Morales,
que é um dos principais aliados
de Chávez, mas também tem se
aproximado muito do Brasil.
Lula disse que a Bolívia é um
país muito pobre e que precisa
de ajuda dos países ricos para
se desenvolver.
"Nações independentes"
Apesar de Bush ter evitado
publicamente o tema Chávez,
Lula saiu em defesa do venezuelano em declaração conjunta à imprensa. O brasileiro não
citou Chávez nominalmente,
mas disse que "todos" os governantes sul-americanos foram
eleitos de forma democrática e
sabem respeitar as "opções"
políticas e econômicas dos demais países do continente.
Logo no início do trecho lido
de seu discurso, olhando para o
colega americano, o petista disse que já acabou o tempo das
"ditaduras" na América do Sul e
que, atualmente, "todos" os governos do continente são "resultados de eleições livres".
Os EUA foram, seguidas vezes, acusados de apoiar, inclusive financeiramente, opositores
a Chávez na Venezuela.
"As ditaduras que infelicitaram a região por duas décadas
são uma dolorosa recordação
do passado. Todos os governos
sul-americanos são resultados
de eleições livres, com ampla
participação popular. Todos estão empenhados em projetos
de crescimento, com distribuição de renda, capazes de pôr
fim à terrível desigualdade social que herdamos, agravada
por aventuras macroeconômicas passadas", disse Lula.
"Nossa integração se dá entre
nações independentes, onde a
diversidade e a tolerância também são uma força. Respeitamos as opções políticas e econômicas de cada país e isso nos
tem permitido avanços notáveis", completou.
Em sua fala, como forma de
contraponto a Chávez, Bush escalou Lula como o principal líder da América do Sul. Disse
que, ao redor do mundo, costuma ouvir elogios ao brasileiro e
que, no final do ano passado, ficou feliz com a reeleição do
"amigo". Em outro recado ao
venezuelano, disse que a democracia brasileira é um exemplo.
"É bom dizer que meu bom
amigo [Lula] ganhou as eleições, porque isso mostra que a
democracia está viva e bem no
Brasil. O Brasil serve de exemplo para outras democracias."
Houve insistência da imprensa para que Bush falasse
sobre o venezuelano, mas ele
desconversou.
"Trago aqui a boa vontade
dos Estados Unidos para a
América Latina (...) Essa viagem serve para que eu explique
da melhor maneira possível
que os Estados Unidos são generosos e têm compaixão."
Na entrevista, Lula disse a
Bush que os países em desenvolvimento não esperam ajuda
financeira, mas projetos para
investimentos. Bush respondeu ao petista: "Eu reconheço
que dinheiro apenas não é prova de compaixão e de carinho
para as pessoas", citando a seguir ajuda financeira para programas de educação e saúde.
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