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No almoço, Bush e Lula discutem futebol
Presidentes dos EUA e do Brasil preferiram imprimir um ambiente mais informal durante a refeição e trocar elogios
Mandatário dos EUA diz que reconheceu governador José Serra dos tempos em que ele era ministro da Saúde e combatia patentes
ELIANE CANTANHÊDE
EM SÃO PAULO
O presidente George W.
Bush criou um contraste: sério
e atento durante a reunião de
trabalho, fez questão de ser informal e brincalhão no almoço
entre as duas equipes. Falou de
futebol, elogiou a carne brasileira e encerrou com uma frase
de efeito: "Este é um país espetacular".
O grande assunto foi biocombustível, inclusive com o governador José Serra mostrando
que São Paulo produz cerca de
75% dos 3,5 bilhões de litros exportados anualmente pelo Brasil e defendendo investimentos
pesados dos EUA em pesquisa
nessa área.
Serra foi reconhecido pelo
presidente Bush da época em
que era ministro da Saúde do
governo FHC e combateu as
patentes da indústria farmacêutica americana dos remédios contra a Aids. Ele também
perguntou para o governador
como era dirigir uma cidade como São Paulo.
O ministro Luiz Fernando
Furlan (Desenvolvimento) reclamou da taxação do produto
nos EUA, e Serra aproveitou o
embalo para criticar a medida,
tentando explicar o complexo
sistema tributário brasileiro.
Bush e Lula, porém, preferiram imprimir um ambiente
mais informal e trocar elogios.
O adjetivo "estratégica" para
definir as relações entre os dois
países foi ouvida várias vezes.
Em certo momento, Bush
perguntou sobre os times de futebol de São Paulo. Serra foi o
primeiro a responder: "O melhor de todos é o Palmeiras,
mas tem também o Corinthians, do presidente [Lula]". O
chanceler Celso Amorim
emendou: "E o Santos".
Quem arrematou a conversa
foi o gaúcho Marco Aurélio
Garcia, assessor internacional
da Presidência: "E quem é o
campeão do mundo? O Internacional".
Lula não perdeu a chance de
falar sobre o seu assunto predileto e disse que os craques brasileiros ganham fortunas na
Europa. Contou, inclusive, de
um menino que já tem um pré-contrato para ganhar R$ 15 mil
quando atingir a idade mínima
para jogar.
Lula elogiou o filé mignon
com molho de pimenta, acompanhado de ratatouille de legumes, e perguntou se o ponto era
mais cru ou mais bem passado
do que nos EUA. Condoleezza
Rice encerrou diplomaticamente o debate que se seguiu:
na sua terra, Alabama, é "exatamente como o de hoje, aqui".
Bush também comeu a entrada, camarão com trouxinhas
de legumes, mas dispensou os
doces -dacquoise de coco e
mousse de maracujá- preferindo comer frutas de sobremesa: melancia, mamão e melão. Também não quis vinho
branco nem tinto. Só tomou
Coca-Cola diet e, piscando o
olho, "roubou" o pãozinho de
Condoleezza, que sentava ao
seu lado.
Surpreso com o tom das conversas e com a descontração, o
ministro Silas Rondeau (Minas
e Energia) cochichou com o
embaixador brasileiro em Washington, Antonio Patriota, que
acaba de assumir o cargo: "Que
belo momento para ser embaixador nos EUA..."
Lula preferiu falar mais da
América Latina, lamentando as
décadas de espoliação da região, destacando os processos
democráticos e defendendo,
particularmente, Evo Morales
Bolívia), um dos principais aliados do venezuelano Hugo Chávez -inimigo número um de
Bush na América do Sul.
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