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Sem-terra invadem ministério e usinas
Grupos da Via Campesina formados sobretudo por mulheres agiram em 7 Estados e no DF, destruindo plantações e fazendo protestos
Ações marcam o Dia da Mulher e criticam o suposto descumprimento da lei trabalhista por grandes proprietários de terras
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem-terra ligados à Via Campesina, a maioria mulheres,
promoveram ontem invasões e
protestos em sete Estados e no
Distrito Federal para marcar o
Dia Internacional da Mulher,
comemorado anteontem.
Em Brasília, cerca de 300
mulheres, segundo a Polícia
Militar, invadiram o Ministério
da Agricultura num protesto
que durou quatro horas.
A invasão ocorreu às 7h25.
Usando lenços nos rostos, bandeiras e faixas, algumas com
bonés e camisetas do MST
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), as mulheres romperam um bloqueio
de cinco seguranças e invadiram o piso térreo do prédio.
Na ação, foram quebrados vidros da porta principal.
A Via Campesina, grupo internacional do qual MST,
MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) e CPT (Comissão Pastoral da Terra) fazem parte, diz que o governo
tem sustentado um modelo de
exportação do agronegócio, em
detrimento de trabalhadores
rurais, da reforma agrária e de
pequenos agricultores.
O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) disse que o
protesto foi "pacífico", mas
considerou o ato "fora de foco",
pois agricultura familiar e reforma agrária são tratados pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário. Não foi pedida audiência com o ministro.
Paí
Em Pernambuco, onde quatro seguranças foram mortos
por sem-terra no Carnaval,
houve confronto quando policiais tentaram impedir que cerca de cem trabalhadores rurais
entrassem no pátio da Usina
Cruangi, em Aliança. Um sem-terra foi conduzido à delegacia
de Timbaúba após ferir um PM
no rosto, mas foi liberado.
Neste ano, protestos tiveram
como foco o suposto descumprimento da legislação trabalhista por empresas proprietárias de terras. No mês passado,
o Ministério do Trabalho resgatou 252 trabalhadores rurais
-27 deles menores de idade-
da Usina Cruangi em condições
análogas à escravidão.
Em São Paulo, cerca de 600
mulheres, sendo 40 crianças,
invadiram terras do grupo Cosan em Barra Bonita e acamparam a 800 metros da usina da
Barra, a maior do mundo em
capacidade de moagem de cana, segundo a empresa.
Em Candiota (RS), cerca de
600 mulheres invadiram a fazenda Aroeira, área de 18 mil
hectares que pertence à Votorantim Papel e Celulose, e destruíram parte de plantação de
eucalipto. Manifestantes puseram abaixo cerca de 1.600 pés
de eucaliptos em 90 minutos.
Para minimizar o risco de
processos, mulheres que destruíram os eucaliptos se recusaram a dar entrevistas. A porta-voz do movimento, que falou
com a Folha por telefone e não
atuou diretamente na ação, diz
que manifestantes de invasões
anteriores se tornaram rés
após serem identificadas.
Em Alagoas, sem-terra destruíram parte da área de cana
de um fazenda do ex-deputado
João Lyra, em Branquinha.
Mulheres da Via Campesina
de quatro Estados (ES, MG, RJ
e SP) invadiram o Portocel,
porto de exportações da Aracruz Celulose, em Barra do Riacho (ES).
Segundo o movimento, cerca de 1.300 mulheres
participaram -45, segundo a
Aracruz. As operações pararam
por cinco horas. Segundo a empresa, cerca de 2.000 toneladas
de celulose foram danificadas.
Agricultoras também protestaram em frente ao Itesp (Fundação Instituto de Terras do
Estado de São Paulo) de Presidente Prudente (SP). A mobilização foi liderada por Diolinda
Alves de Souza, mulher do líder
sem terra José Rainha Júnior.
Na Paraíba, houve protesto
em frente à Asplan (Associação
dos Plantadores de Cana). No
Paraná, em Porecatu, 1.200
participaram de caminhada.
Folha Online
Assista ao vídeo da
invasão ao ministério
www.folha.com.br/090688
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