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CPI dos Grampos quer mais 30 dias para investigar Protógenes
Pedido, que já obteve apoio do presidente da Câmara, tem como base reportagem da revista "Veja'; delegado afirma que não cometeu irregularidades
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes da CPI dos
Grampos fecharam ontem um
acordo para prorrogar a comissão por, no mínimo, mais 30
dias. Às vésperas de votar o relatório final, a CPI decidiu investigar novas denúncias contra o delegado federal Protógenes Queiroz, que, segundo a revista "Veja", grampeou clandestinamente autoridades, jornalistas e advogados.
A comissão reúne-se hoje, às
15h, para votar o requerimento
de prorrogação. A ampliação
dos trabalhos terá de ser chancelada pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) e, depois, pelo plenário.
No encontro de hoje, a CPI
pode votar a convocação de
Protógenes e do ex-diretor da
Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Paulo Lacerda. Os
dois foram "absolvidos" no relatório de Nelson Pellegrino
(PT-BA), apresentado na semana passada. "Os novos dados
podem mudar o rumo do meu
relatório", disse o deputado.
Antes de ouvir os dois, no entanto, a comissão quer analisar
o conteúdo do inquérito da
Corregedoria da Polícia Federal, que investigou as supostas
irregularidades cometidas durante a Satiagraha -operação
aberta pela PF para apurar supostos crimes financeiros praticados pelo banqueiro Daniel
Dantas, do Opportunity.
A CPI recebeu semana passada documentos da investigação. Segundo a "Veja", o material foi apreendido pela PF nos
endereços usados por Protógenes e contém informações até
sobre a vida privada da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil),
que não se manifestou.
"O PSDB defende que os documentos tornem-se públicos.
Se isso não acontecer, dará
margem para especulações de
que documentos estão sendo
usados para chantagear autoridades", afirmou o deputado
Gustavo Fruet (PSDB-PR).
"Precisamos prorrogar a CPI,
pois agora fica incentivada a tese de que é preciso coibir investigação paralela", disse Temer.
Ontem, o diretor-geral da PF,
Luiz Fernando Corrêa, afirmou
que, nos próximos dias, a polícia concluirá o relatório de investigação contra Protógenes.
O inquérito, porém, está na
Justiça Federal, que analisa um
pedido de prorrogação por
mais 30 dias. Corrêa não quis
comentar as acusações contra o
delegado, mas disse que "nenhum mérito, de nenhuma investigação, tem o condão de legitimar o desvio de conduta".
Outro lado
Protógenes negou ontem que
tenha cometido irregularidades enquanto estava no comando da Satiagraha e afirmou que
as denúncias têm como objetivo fabricar um escândalo para
antecipar as eleições de 2010.
Ele deu as declarações ontem à
noite, em Recife, pouco antes
de dar palestra sobre corrupção
nos negócios na Universidade
Federal de Pernambuco.
Ele declarou ainda que, em
nenhum momento, a ministra
Dilma foi alvo da investigação,
e que tudo que apurou já consta
nos autos da operação.
Ele foi afastado da Satiagraha
pela cúpula da PF sob o argumento de insubordinação.
Outro foco de investigação da
CPI será a suposta espionagem
contra Jarbas Vasconcelos
(PMDB-PE). O senador, que
disse à "Veja" que membros do
partido estão envolvidos em
corrupção, afirmou que um detetive disse a ele ter sido procurado pela empresa americana
Kroll para investigá-lo.
Colaborou a Agência Folha, em Recife
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