São Paulo, terça-feira, 10 de março de 2009

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CPI dos Grampos quer mais 30 dias para investigar Protógenes

Pedido, que já obteve apoio do presidente da Câmara, tem como base reportagem da revista "Veja'; delegado afirma que não cometeu irregularidades

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Integrantes da CPI dos Grampos fecharam ontem um acordo para prorrogar a comissão por, no mínimo, mais 30 dias. Às vésperas de votar o relatório final, a CPI decidiu investigar novas denúncias contra o delegado federal Protógenes Queiroz, que, segundo a revista "Veja", grampeou clandestinamente autoridades, jornalistas e advogados.
A comissão reúne-se hoje, às 15h, para votar o requerimento de prorrogação. A ampliação dos trabalhos terá de ser chancelada pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) e, depois, pelo plenário.
No encontro de hoje, a CPI pode votar a convocação de Protógenes e do ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Paulo Lacerda. Os dois foram "absolvidos" no relatório de Nelson Pellegrino (PT-BA), apresentado na semana passada. "Os novos dados podem mudar o rumo do meu relatório", disse o deputado.
Antes de ouvir os dois, no entanto, a comissão quer analisar o conteúdo do inquérito da Corregedoria da Polícia Federal, que investigou as supostas irregularidades cometidas durante a Satiagraha -operação aberta pela PF para apurar supostos crimes financeiros praticados pelo banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.
A CPI recebeu semana passada documentos da investigação. Segundo a "Veja", o material foi apreendido pela PF nos endereços usados por Protógenes e contém informações até sobre a vida privada da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), que não se manifestou.
"O PSDB defende que os documentos tornem-se públicos. Se isso não acontecer, dará margem para especulações de que documentos estão sendo usados para chantagear autoridades", afirmou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).
"Precisamos prorrogar a CPI, pois agora fica incentivada a tese de que é preciso coibir investigação paralela", disse Temer.
Ontem, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, afirmou que, nos próximos dias, a polícia concluirá o relatório de investigação contra Protógenes. O inquérito, porém, está na Justiça Federal, que analisa um pedido de prorrogação por mais 30 dias. Corrêa não quis comentar as acusações contra o delegado, mas disse que "nenhum mérito, de nenhuma investigação, tem o condão de legitimar o desvio de conduta".

Outro lado
Protógenes negou ontem que tenha cometido irregularidades enquanto estava no comando da Satiagraha e afirmou que as denúncias têm como objetivo fabricar um escândalo para antecipar as eleições de 2010. Ele deu as declarações ontem à noite, em Recife, pouco antes de dar palestra sobre corrupção nos negócios na Universidade Federal de Pernambuco.
Ele declarou ainda que, em nenhum momento, a ministra Dilma foi alvo da investigação, e que tudo que apurou já consta nos autos da operação.
Ele foi afastado da Satiagraha pela cúpula da PF sob o argumento de insubordinação.
Outro foco de investigação da CPI será a suposta espionagem contra Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). O senador, que disse à "Veja" que membros do partido estão envolvidos em corrupção, afirmou que um detetive disse a ele ter sido procurado pela empresa americana Kroll para investigá-lo.

Colaborou a Agência Folha, em Recife


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