São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 2000


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RIO GRANDE DO SUL
Três candidatos petistas disputaram ontem o direito de concorrer à Prefeitura de Porto Alegre
Tarso Genro é favorito em prévia do PT

LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

A prévia do PT de Porto Alegre para a eleição municipal de outubro, em que concorrem Raul Pont (atual prefeito), Tarso Genro (ex-prefeito) e José Fortunati (vice-prefeito), não tinha nenhuma definição até as 19h de ontem. Nesse horário, as urnas nem sequer haviam sido abertas.
Internamente, a avaliação do partido era de que Tarso Genro seria eleito no 1º turno com cerca de 53% dos votos.
O PT de Porto Alegre e os três candidatos na prévia fizeram um grande esforço ontem para mostrar unidade. Mas a tentativa durou apenas o período em que Pont, Fortunati, e Genro estiveram juntos. Depois, eles voltaram às farpas mútuas.
Em um lance de imagem, os três, acompanhados do governador Olívio Dutra, tomaram café da manhã às 7h30 no City Hotel, votaram lado a lado e insistiram em pronunciar de forma monocórdia a palavra "unidade".
Antes mesmo de se iniciarem as votações, eles adiantaram que, no dia seguinte à definição das prévias (hoje ou na próxima segunda-feira, caso haja necessidade de segundo turno), darão apoio total ao vitorioso, seja ele qual for. O objetivo era afastar as insinuações de crise interna no partido.
Vários problemas acirraram a disputa entre os três candidatos: a prévia estadual para o governo gaúcho, em 1998, quando Olívio Dutra derrotou Genro; a mágoa de Fortunati com Genro, que havia prometido apoiar sua candidatura a prefeito; e a posição de Dutra na escolha do candidato, anunciando o apoio explícito a Pont. O governador fez críticas veladas a Genro, relacionando-o com a "vaidade" e o "egoísmo".
A estimativa do presidente municipal do PT, Waldir Bohn Gass, é que cerca de 5.000 militantes tenham votado na prévia. O resultado estava previsto para ser divulgado após as 22h de ontem.
Durante as entrevistas ocorridas pela manhã, as expressões conciliatórias eram as preferenciais. Mas, ao se separar, depois de terem votado, as críticas próprias de um partido com diferenças voltaram a ocorrer.
Os dois candidatos considerados favoritos, Pont e Genro, trocaram acusações a respeito da militância que apoiava o ex-prefeito em todas as zonais.
"Lamento o fato de outras candidaturas terem se utilizado dessa prática de transportar eleitores, já que isso sempre foi característica de partidos de direita e sempre sofreu fortes críticas do PT. Isso só tumultua o processo, porque esses eleitores não têm direito a voto em Porto Alegre", afirmou Raul Pont.
"Não quero acreditar que não se possa receber apoio externo só porque é para mim. Essa declaração demonstra que agora vamos ter militantes de primeira e de segunda (categoria). A dos que me apóiam e a dos que não me apóiam", afirmou Genro.
À tarde, Fortunati já dava claros sinais de acatamento da derrota. "Foi muito voto útil", disse ele, que se define como o "azarão".
Dutra, que voltou a revelar seu apoio para Pont, foi primeiro a votar, acompanhado dos três pré-candidatos petistas. O voto do governador, ocorrido na zonal 111 (zona norte da capital gaúcha), ocorreu às 8h55. Como ele tinha compromissos oficiais, foi aberta uma exceção. Para os demais petistas, as votações começaram cinco minutos depois.
"É normal o processo ser crispado. Não somos imunes a problemas, mas sairemos unificados da prévia. Tudo isso é normal em um partido plural. O que ocorre é que nossas divisões se tornaram mais públicas porque temos o governo do Estado e a prefeitura da capital", disse Bohn Gass.
Ele reconheceu a estratégia de mostrar, por meio do café da manhã e dos votos conjuntos, uma imagem de unidade que, segundo Gass, "é verdadeira". "Até o programa dos três é o mesmo", disse.


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