|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RIO GRANDE DO SUL
Três candidatos petistas disputaram ontem o direito de concorrer à Prefeitura de Porto Alegre
Tarso Genro é favorito em prévia do PT
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre
A prévia do PT de Porto Alegre
para a eleição municipal de outubro, em que concorrem Raul Pont
(atual prefeito), Tarso Genro (ex-prefeito) e José Fortunati (vice-prefeito), não tinha nenhuma definição até as 19h de ontem. Nesse
horário, as urnas nem sequer haviam sido abertas.
Internamente, a avaliação do
partido era de que Tarso Genro
seria eleito no 1º turno com cerca
de 53% dos votos.
O PT de Porto Alegre e os três
candidatos na prévia fizeram um
grande esforço ontem para mostrar unidade. Mas a tentativa durou apenas o período em que
Pont, Fortunati, e Genro estiveram juntos. Depois, eles voltaram
às farpas mútuas.
Em um lance de imagem, os
três, acompanhados do governador Olívio Dutra, tomaram café
da manhã às 7h30 no City Hotel,
votaram lado a lado e insistiram
em pronunciar de forma monocórdia a palavra "unidade".
Antes mesmo de se iniciarem as
votações, eles adiantaram que, no
dia seguinte à definição das prévias (hoje ou na próxima segunda-feira, caso haja necessidade de
segundo turno), darão apoio total
ao vitorioso, seja ele qual for. O
objetivo era afastar as insinuações
de crise interna no partido.
Vários problemas acirraram a
disputa entre os três candidatos: a
prévia estadual para o governo
gaúcho, em 1998, quando Olívio
Dutra derrotou Genro; a mágoa
de Fortunati com Genro, que havia prometido apoiar sua candidatura a prefeito; e a posição de
Dutra na escolha do candidato,
anunciando o apoio explícito a
Pont. O governador fez críticas
veladas a Genro, relacionando-o
com a "vaidade" e o "egoísmo".
A estimativa do presidente municipal do PT, Waldir Bohn Gass,
é que cerca de 5.000 militantes tenham votado na prévia. O resultado estava previsto para ser divulgado após as 22h de ontem.
Durante as entrevistas ocorridas pela manhã, as expressões
conciliatórias eram as preferenciais. Mas, ao se separar, depois de
terem votado, as críticas próprias
de um partido com diferenças
voltaram a ocorrer.
Os dois candidatos considerados favoritos, Pont e Genro, trocaram acusações a respeito da militância que apoiava o ex-prefeito
em todas as zonais.
"Lamento o fato de outras candidaturas terem se utilizado dessa
prática de transportar eleitores, já
que isso sempre foi característica
de partidos de direita e sempre
sofreu fortes críticas do PT. Isso
só tumultua o processo, porque
esses eleitores não têm direito a
voto em Porto Alegre", afirmou
Raul Pont.
"Não quero acreditar que não se
possa receber apoio externo só
porque é para mim. Essa declaração demonstra que agora vamos
ter militantes de primeira e de segunda (categoria). A dos que me
apóiam e a dos que não me
apóiam", afirmou Genro.
À tarde, Fortunati já dava claros
sinais de acatamento da derrota.
"Foi muito voto útil", disse ele,
que se define como o "azarão".
Dutra, que voltou a revelar seu
apoio para Pont, foi primeiro a
votar, acompanhado dos três pré-candidatos petistas. O voto do governador, ocorrido na zonal 111
(zona norte da capital gaúcha),
ocorreu às 8h55. Como ele tinha
compromissos oficiais, foi aberta
uma exceção. Para os demais petistas, as votações começaram
cinco minutos depois.
"É normal o processo ser crispado. Não somos imunes a problemas, mas sairemos unificados
da prévia. Tudo isso é normal em
um partido plural. O que ocorre é
que nossas divisões se tornaram
mais públicas porque temos o governo do Estado e a prefeitura da
capital", disse Bohn Gass.
Ele reconheceu a estratégia de
mostrar, por meio do café da manhã e dos votos conjuntos, uma
imagem de unidade que, segundo
Gass, "é verdadeira". "Até o programa dos três é o mesmo", disse.
Texto Anterior: Governador divulga nota Próximo Texto: Rio: Partido ainda discute se vai entregar as secretarias Índice
|