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BRASIL PROFUNDO
Mortos podem ser garimpeiros que teriam sido atacados a tiros por índios em Rondônia na quarta-feira
Funai localiza 3 corpos em terra indígena
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Funai (Fundação Nacional do
Índio) informou ter localizado
ontem três corpos no interior da
terra indígena cinta-larga Roosevelt, em Espigão d'Oeste (534 km
de Porto Velho, em Rondônia).
Como a área é de difícil acesso, os
corpos não foram resgatados.
Segundo 16 garimpeiros ouvidos anteontem pela Polícia Civil,
um grupo de índios atacou a tiros,
por volta das 11h da última quarta-feira, um grupo estimado de 60
garimpeiros que extraíam clandestinamente diamantes na terra
indígena, numa área à beira do rio
Roosevelt.
Morreram pelo menos quatro
garimpeiros, de acordo com os
depoimentos, mas todos disseram que o número pode ser
maior. Com base nos relatos, o
delegado da Polícia Civil de Espigão d'Oeste Raimundo Souza Filho estimou que o número de
mortos possa ser de 12.
Hoje pela manhã, segundo a Funai, um helicóptero da Polícia Federal de Ji-Paraná (RO) deve ir à
região tentar resgatar os três corpos já localizados ontem e encontrar outros cadáveres.
No início da noite de ontem,
dois delegados da Polícia Federal,
deslocados de Porto Velho e Pimenta Bueno -também em
Rondônia- para assumir as investigações, disseram aos cerca de
50 parentes e garimpeiros amigos
dos desaparecidos, que passaram
o dia reunidos na frente da delegacia da Polícia Civil de Espigão
d'Oeste, que não poderiam entrar
na área enquanto não houvesse
uma autorização da Funai.
A ordem não havia sido dada
até as 19h de ontem. A demora levou os garimpeiros a suspeitar
que os autores do crime possam
ter tempo para se livrar dos corpos, enterrando-os na mata ou
ateando fogo.
A assessoria de comunicação da
Funai, em Brasília, informou que
o órgão tomou a frente nas buscas
porque está amparado em lei e
que o acesso à área será permitido
à PF hoje pela manhã.
Garimpeiros que sobreviveram
ao ataque se ofereceram como
guias para ajudar a PF a localizar
os possíveis corpos.
Segundo os garimpeiros, havia
pelo menos 250 pessoas extraindo
o diamante na área, no dia do ataque, e cerca de 60 no garimpo atacado. Esse grupo, acampado em
30 barracas de lona, fazia a extração do tipo mais rudimentar, com
pás e picaretas e sem ajuda de maquinário. O grupo que os atacou
seria formado por 30 ou 35 índios.
Alerta
Por orientação do governador
de Rondônia, Ivo Cassol (PSDB),
foi criada uma força-tarefa de policiais civis e militares para dar suporte à PF. O grupo requisitou
dez camionetes para entrar na
área quando autorizado.
O governador enviou em 31 de
setembro um ofício ao gabinete
do ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, advertindo para
o risco de novos atos de violência
na reserva, segundo revelou anteontem o site de notícias "Rondoniagora".
"[...] Solicito à Vossa Excelência
providências para evitar um novo
conflito com derramamento de
sangue, como já ocorreu em anos
anteriores", dizia o ofício, protocolado no gabinete ministerial em
1º de outubro.
O governador pediu, no ofício,
que fosse criado um plano para
exploração comercial do diamante da terra indígena. Hoje essa atividade é proibida por lei em áreas
indígenas -as terras e o subsolo
pertencem à União.
A assessoria do ministro informou que não tinha condições ontem, devido ao feriado, de confirmar ou não o teor do ofício enviado pelo governador. A assessoria
informou que o Ministério da Justiça tomou desde o ano passado,
por meio da Polícia Federal e da
Funai, medidas para acompanhar
a situação em Roosevelt.
"O ministério está olhando com
atenção para o assunto, e a Polícia
Federal vai continuar suas ações
de inteligência e monitoramento", informou a assessoria.
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