São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2008

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Alunos da UnB decidem manter invasão e paralisar aulas

Funcionários e professores fizeram ato pró-reitor e marcaram para hoje assembléias para discutir a denúncia do Ministério Público

Ueslei Marcelino/Folha Imagem
Estudantes, que resolveram continuar em prédio invadido


JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os estudantes que invadiram a reitoria da UnB (Universidade de Brasília) decidiram ontem, em assembléia, manter a invasão e paralisar as aulas amanhã. Hoje a tomada do prédio completa uma semana.
Os alunos se mantêm firmes na idéia de só deixarem o prédio após a renúncia do reitor, Timothy Mulholland. Segundo o movimento, a assembléia reuniu 1.600 alunos. A UnB não soube dizer o total de participantes e a PM não estava presente. Os alunos também decidiram interromper negociações com a reitoria até que a água e a luz sejam religadas -foram cortadas na segunda.
O movimento de invasão, no entanto, encontra resistência entre os próprios estudantes e funcionários da universidade.
"Eles fazem poucas disciplinas, por isso invadem. Nós, que cursamos muitas matérias, temos que estudar. Não vamos paralisar na sexta", disse Angélica Queiroz, 19, aluna de engenharia civil. Por outro lado, a estudante de letras que se identificou como Raiana diz ser a favor da paralisação. "A greve vai depender de um apoio maciço dos alunos ou não funcionará."
Manifestações contrárias à ocupação esquentaram o clima pela manhã, quando cerca de 300 servidores e professores da UnB foram à reitoria, em apoio ao reitor. Alunos e um servidor, que não quis se identificar, acusaram a Prefeitura da UnB de ter coagido servidores a participarem do ato. A UnB nega.
"Desde quinta, a reitoria não funciona, temos editais com data marcada e concursos para contratar funcionários", disse a professora Denise Rezende, do curso de biologia.
João Victor Venâncio Medeiros, 18, aluno de artes cênicas que caiu anteontem à noite de um dos andares do prédio, passa bem e já retornou à reitoria.
Um peso que recai sobre os alunos, principalmente os vinculados ao Diretório Central dos Estudantes, é a multa determinada pela Justiça de R$ 5.000 por hora de invasão. O total até ontem era de cerca de R$ 700 mil. Estão recorrendo.
Mulholland foi intimado, na noite de anteontem, a depor no Ministério Público do Distrito Federal, na próxima quarta, para explicar as relações entre as fundações de apoio e a UnB.
Ele foi acusado em ação de improbidade administrativa de usar de forma "ilegal" recursos que deveriam ser destinados a pesquisa na decoração de apartamento funcional. Mulholland se defendeu em nota: "Finalmente, tenho o direito de conhecer a acusação e de me defender na Justiça, onde meus direitos serão respeitados".
Duas assembléias, uma de professores e outra de servidores, estão previstas para hoje.

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