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PF propõe investigação contra procurador
Para corregedor, Roberto Dassié Diana tentou desqualificar apuração sobre possíveis desvios de Protógenes na Satiagraha
Relatório de Amaro Vieira Ferreira acusa delegado de vazar informações à mídia e
de patrocinar "participação espúria" de agentes da Abin
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relatório final da investigação sobre as supostas irregularidades cometidas pelo delegado Protógenes Queiroz à frente
da Operação Satiagraha levanta
a tese de que o procurador da
República Roberto Dassié Diana agiu para tentar desqualificar a apuração e propõe que
"possíveis desvios" sejam investigados pela Corregedoria
do Ministério Público Federal.
No final de 2008, o juiz federal Ali Mazloum já havia feito
ataques ao procurador, acusando-o de tentar induzir a imprensa ao erro ao questionar
suposta quebra ilegal de sigilo
telefônico de jornalistas que
acompanharam a operação.
Desta vez, documento do
corregedor da Polícia Federal
Amaro Vieira Ferreira critica
principalmente o fato de Diana
ter tentado anular provas obtidas pela Corregedoria da PF em
ações de busca e apreensão em
endereços de Protógenes e de
outros investigadores do caso.
Consultada, a Procuradoria
deu opinião contrária às
apreensões, mas o juiz Mazloum determinou as buscas.
Depois, o procurador pediu à
Justiça a devolução do material
apreendido, com o argumento
de que a Procuradoria não concordara com a ação. O pedido
foi negado por Mazloum.
As buscas resultaram em
provas usadas por Ferreira no
relatório em que acusa Protógenes de patrocinar a "participação espúria" de agentes da
Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na Satiagraha, de
forma "oficiosa", "clandestina"
e sem o conhecimento de seus
chefes. Foram encontrados em
poder de agentes dados sigilosos da apuração.
Foi achado ainda no quatro
de um hotel em São Paulo, no
qual Protógenes se hospedava,
vídeo que o corregedor sustenta ser a prova de que jornalistas
da Globo foram os autores da
filmagem da tentativa de suborno à PF feita por emissários
do banqueiro Daniel Dantas.
Os jornalistas, diz o texto, se
deixaram filmar em um espelho. A edição das imagens que
faz parte da Satiagraha, sustenta Ferreira, foi feita pelos jornalistas. A Globo afirmou ontem que não comentará o caso.
A quebra de sigilo telefônico
de Protógenes também revelou
que ele falou 22 vezes com o telefone usado por um dos jornalistas da emissora, coautor das
imagens, naquele dia.
O relatório diz que, "sem motivo aparente e contrariando a
prática usual", Protógenes revelou os nomes de dois presos
(Celso Pitta e Naji Nahas) no
briefing em que orientou cerca
de 200 policiais antes de eles
irem às ruas cumprir os mandados de busca e apreensão.
Essa conduta, diz o texto, "teve objetivo específico de dificultar possíveis tentativas de
identificar autoria de repasse
de informações sigilosas para
os jornalistas da TV Globo". Para o delegado, Protógenes revelou os nomes "na tentativa de
se safar da responsabilidade
que certamente lhe sobreviria".
O relatório atribui indiretamente a Protógenes o vazamento de dados da operação revelados pela Folha dois meses
antes de a Satiagraha ser deflagrada. A corregedoria diz ter
interceptado um e-mail em
que o servidor da Abin Thélio
Braun relata ao colega Luiz
Eduardo Melo ter se encontrado com a jornalista Andréa Michael, em uma cafeteria de Brasília, dias antes da publicação.
Segundo o documento, "tudo
indica" que Braun fora a fonte
da reportagem. "Verificou-se
que justamente essa parceria
informal com a Abin, propiciada pelo delegado Protógenes, é
que veio propiciar à mencionada jornalista (...) a obtenção da
dados sigilosos". Na Satiagraha,
Protógenes chegou a pedir a
prisão da repórter, alegando
que ela havia auxiliado Dantas
ao publicar a reportagem. A
Justiça não acatou o pedido.
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