São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá



Dos evangélicos ao aborto

O papa no Brasil foi destaque nas páginas iniciais por todo lado, no mundo. Noticiavam a chegada e logo partiam para os problemas. A BBC News e o site do francês "Le Monde" se concentraram, mais uma vez, no "crescente desafio dos grupos evangélicos" ou no "papa frente à onda dos pentecostais". O argentino "La Nación" anunciou a "visita-chave", mas pouco se alongou. O "New York Times" de Larry Rohter se voltou ao aborto, em reportagem especial para o site -e no podcast com o correspondente avaliando que Lula, ao afirmar ter duas opiniões na questão, "reflete uma dúvida nas mentes de milhões de brasileiros", que "não seguem a Igreja em assuntos como aborto, segundo casamento e pesquisa com células-tronco".

ABORTO, ABORTO
Nas manchetes da Folha Online ao Globo Online, do portal UOL ao telejornal da Band, a notícia foi o ataque que o papa fez ao aborto no primeiro discurso no Brasil, diante de Lula. Na locução ao vivo de William Waack, contido na Globo, Luiz Datena, histérico na Band, e até a Rede Vida, o ataque mal foi percebido.

EXCOMUNHÃO OU NÃO
Ecoou mais, pelo exterior, o que Bento 16 declarou antes mesmo de chegar ao Brasil. Em despachos com o crédito "Dentro do avião do papa", as agências noticiaram durante o vôo que ele ameaçou de excomunhão os políticos católicos, referência aos mexicanos, que votaram em favor do aborto. Não tardou e os mesmos despachos acresciam que, segundo o porta-voz e outras autoridades do Vaticano, não era bem assim. Não haveria excomunhão, mas autopunição dos políticos, ao não se permitirem comungar.
Mas foi o que bastou para sites como o do "Wall Street Journal" saírem ouvindo políticos tipo Bill Richardson e John Kerry, sobre a ameaça.

PARA ALÉM DA IGREJA
Sem a mesma atenção de outros à visita, a página inicial do "Washington Post" abriu um longo debate, com uma dezena de artigos especiais e ampla participação dos internautas, sobre as idéias da Teologia da Libertação, com a pergunta geral "Jesus foi um revolucionário social?". A viagem, avaliou o jornal, "reaviva o interesse ao redor do mundo pela questão".
Falando à BBC Brasil, Leonardo Boff foi desafiador, proclamando que "a teologia e a temática da libertação não dependem mais da Igreja". É, hoje, uma "teologia ecumênica".

BRASIL VS. PAPA
As versões em papel dos jornais estrangeiros, do britânico "Financial Times" de Richard Lapper ao americano "WP" de Monte Reel, fizeram longos levantamentos dos "desafios" que esperam Bento 16, dos evangélicos à Teologia da Liberação e os temas morais. No título do "FT", "Vaticano isolado busca conter êxodo latino". No título da versão impressa do "NYT", "Brasil saúda papa, mas questiona a sua perspectiva".

APARECIDA DIGITAL
Com cobertura marcadamente on-line, a visita do papa estimula questões ligadas à web. Chegou a submanchete da Folha Online, por exemplo, a notícia de que a CNBB vai levar ao papa um "projeto de missa pela internet", com a ressalva de, no caso, "a eucaristia não ter valor espiritual".
Com mais significado para a web do que para a Igreja, o "Valor" destacou que a presença em Aparecida marcará o início da rede wi-fi, sem fio, na cidade. "Se Bento 16 tiver um laptop, não encontrará problemas para se conectar."

OS DOIS PILOTOS
Foi manchete no "JN" mas, talvez pela concorrência do papa, pouco repercutiu no exterior o indiciamento, pela Polícia Federal, dos pilotos americanos do jato Legacy, no acidente que matou 154.
Saiu nos sites do "NYT" e do "Newsday", de Long Island, onde vivem os pilotos. E teve, como esperado, resposta imediata no blog de Joe Sharkey, colunista de viagens de negócios do "NYT" que estava no Legacy e defende os dois. Para a resposta, ele se baseou na versão de uma federação internacional de controladores.


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@ - Nelson de Sá


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