São Paulo, sábado, 10 de maio de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Deixa chamar

O Planalto incentiva discretamente sua base na CPI dos Cartões a deixar passar a convocação de José Aparecido Nunes Pires, secretário de Controle Interno da Casa Civil apontado como responsável pelo vazamento do dossiê sobre gastos de FHC.
"Devem chamá-lo, a base vai querer", diz um auxiliar de Lula. Resta saber se o plano de circunscrever a encrenca a Aparecido vai resistir caso ele comece a dar mostras de que pode abrir a cadeia de comando da elaboração do dossiê. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos pontas-de-lança do governo na CPI, diz que o tema será discutido na semana que vem. Mas adianta que, por enquanto, não vê nenhum problema em ouvir o que o "vazador" tem a dizer.



Entrelinhas. José Dirceu fez o de sempre e reclamou da "cobertura da imprensa" sobre José Aparecido, mas, tanto em sua nota oficial quanto na avaliação de aliados, está claro que ele vê "fogo amigo" na tentativa de associá-lo ao dossiê. O ex-ministro lembra que o funcionário foi "mantido" por sua "sucessora".

Em campo. Dirceu participou ontem de reunião política em Campo Grande. Evitou o tema dossiê e disse que estava ali apenas para defender a candidatura do ex-governador Zeca do PT à prefeitura.

Até tu? Governistas que dividiam o palanque com Lula ontem em Salvador se surpreenderam ao identificar, logo nas primeiras fileiras da platéia, o ex-prefeito e ex-pefelista Antonio Imbassahy, candidato do PSDB na capital baiana. "Primeiro, o Agripino; agora, o Imbassahy", brincou um assessor presidencial. "Tá todo mundo aderindo!"

Fora do armário. Pouco depois, o próprio Lula saudou Imbassahy do palanque. Encerrado o evento, auxiliares lhe perguntaram o motivo de tamanha cortesia. "Ele tava escondidinho...", justificou o presidente em tom bem-humorado. Imbassahy, em tese, é o candidato do presidenciável José Serra em Salvador.

Embaralhado. Se ontem no palanque de Lula só faltou o DEM, hoje até ACM Neto estará em ato do também pré-candidado Raimundo Varella (PRB) com José Alencar.

Check-up. Lula e a primeira-dama, Marisa, marcaram exames de rotina a partir das 8h de hoje no Incor, aos cuidados do médico particular do presidente, Roberto Kalil.

VIP 1. Passageiros do vôo TAM Brasília-São Paulo aguardavam junto ao portão havia mais de meia hora, na noite de quinta, quando assistiram, do outro lado do vidro, a um embarque antecipado: o do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

VIP 2. Meirelles já estava acomodado na primeira fileira quando o portão foi aberto para o embarque dos demais passageiros -entre eles, os ministros Miguel Jorge (Desenvolvimento) e Orlando Silva (Esporte). Na chegada, deu-se o contrário: todos saíram, enquanto Meirelles lia a "Economist". Um carro da PF esperava ao lado do avião.

Expresso. Um diretor do Metrô esteve ontem no Ministério Público de São Paulo para avisar que, já na segunda-feira, todos os acordos da Alstom com a estatal estarão na mesa dos promotores.

Maquinário. Lideranças do PR de São Paulo, os vereadores Antonio Carlos Rodrigues, Aurélio Miguel e Toninho Paiva contam com cargos nas subprefeituras de Campo Limpo, Butantã e Penha, respectivamente. O fato pesou na opção pelo apoio à reeleição de Gilberto Kassab (DEM).

Lázaro. Depois de ser condenado e cumprir pena na prisão por integrar a máfia dos fiscais, escândalo que envolvia as administrações regionais, depois transformadas em subprefeituras, Vicente Viscome tentará voltar à Câmara pelo PT do B.

Tiroteio

Um dia depois de seu depoimento, Dilma Rousseff foi desmentida: o dossiê foi mesmo feito na Casa Civil. Já essa versão sobre o vazador é muito conveniente para o governo.

Do presidente do DEM, RODRIGO MAIA (RJ), sobre a investigação da Polícia Federal e a perícia do ITI que apontam José Aparecido Nunes Pires como o responsável por vazar o dossiê sobre gastos de FHC.

Contraponto

Espere e verá

Na eleição de 1994, Fernando Henrique Cardoso fez um comício em Canudos que marcou a entrada do então governador Antonio Carlos Magalhães para valer na campanha. Os dois desfilaram em carro aberto pelo município baiano. Para onde quer que olhasse, FHC via muros pichados com a inscrição "Benito é nosso".
O tucano comentou com o cacique local:
-Nossa, o Benito Gama vai ter muito voto aqui.
Impassível, ACM respondeu:
-Aqui? Nenhum.
Abertas as urnas, viu-se que o candidato a deputado, que havia sido relator da CPI do caso PC e sub-relator da CPI do Orçamento, obtivera desempenho pífio na cidade.


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