São Paulo, sábado, 10 de maio de 2008

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Político foi bombeiro e incendiário

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA REPORTAGEM LOCAL

Artur da Távola alternou, ao longo da vida, os papéis de bombeiro e incendiário. Embora o primeiro tenha lhe rendido mais glórias, não pode ser descolado do segundo.
A militância na faculdade de direito o jogou na política. Ainda como Paulo Alberto Monteiro de Barros, elegeu-se duas vezes deputado estadual no Rio, no início dos anos 60.
Listado entre os incendiários, foi cassado pelo golpe de 64 e exilou-se. Ele, que tivera um programa na TV Tupi sobre assuntos universitários, acabou diretor do canal da Universidade do Chile como solução para uma briga entre duas vertentes.
"Liberado" pelo regime militar para voltar, estreou em 1968 na "Última Hora", sob o codinome que o tornaria popular, a primeira coluna de "crônicas" sobre TV ("não sou nem quero ser crítico de televisão", dizia) da imprensa brasileira.
Publicou livros de gêneros variados, como contos ("Leilão de Mim") e crônicas ("Mevitevendo").
Com a redemocratização, voltou à militância. Disputou eleições pelo PMDB e, depois, pelo PSDB, que fundou.
Exerceu dois mandatos de deputado federal e um de senador, mas também perdeu muitas brigas internas nestas duas últimas décadas. Entre elas, a vaga tucana (para o hoje governador Sérgio Cabral Filho) na disputa pela Prefeitura do Rio em 1996 e o debate pelos rumos ideológicos no PSDB no início do segundo governo Fernando Henrique, em 1999. "Não quero acabar minha modesta história na direita", disse, então.
Incendiário, rompeu com o partido nas duas vezes, mas voltou para assumir funções de bombeiro, como a de presidente da sigla, em 1995, após a renúncia de Pimenta da Veiga, e a liderança do governo no Senado, em 2002.


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