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Gravações ligam Yeda a suposto caixa dois
Segundo a revista "Veja", conversas entre ex-coordenador de campanha e ex-assessor da governadora do RS apontam doações irregulares
Yeda nega caixa dois em campanha e chama áudios de "requentados"; oposição articula abertura de nova CPI para apurar denúncias
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A confirmação da existência
das gravações que ligam a governadora Yeda Crusius
(PSDB) a um suposto caixa dois
de campanha fez subir a temperatura da crise política do Rio
Grande do Sul. A oposição deve
protocolar nesta semana requerimento para abertura de
nova CPI para investigar denúncias de corrupção.
O PT, principal legenda oposicionista, já começou a articular apoio à investigação.
A coleta de assinaturas deve
começar amanhã porque a
maioria dos deputados está no
interior do Estado. Para instalar a CPI é necessário apoio de
19 dos 55 deputados.
Ontem, deputados da oposição afirmaram que já tinham
entre 15 e 20 promessas de assinaturas, inclusive de integrantes da base, porque a notícia sobre as gravações representariam um fato novo para a abertura da comissão de inquérito.
A revista "Veja" desta semana relata ter tido acesso a áudios de conversas entre o empresário Lair Ferst, um dos ex-coordenadores da campanha
tucana em 2006, com Marcelo
Cavalcante, ex-assessor de Yeda. Cavalcante morreu em fevereiro, em Brasília.
Para a revista, os áudios revelam que Cavalcante admite
que, depois do segundo turno
da eleição de 2006, coletou R$
200 mil da Alliance One e outros R$ 200 mil da CTA Continental, empresas de fumo.
O dinheiro, em espécie, conforme a revista, foi entregue ao
marido da governadora, Carlos
Crusius. A viúva de Cavalcante,
Magda Koenigkan, afirmou que
o dinheiro teria sido usado para
comprar a casa em que a tucana
vive. As duas empresas negaram terem contribuído ilegalmente para a campanha.
Citando os áudios, a revista
afirma que despesas do comitê
de Yeda foram bancadas pela
agência de publicidade DCS,
que não apareceu como doadora nem como prestadora de serviço da campanha. A DCS, que
presta serviços ao governo, negou irregularidades.
Também há referências de
irregularidades já no governo.
Segundo a revista, Yeda tomou
conhecimento de detalhes do
esquema de desvio no Detran-RS antes que a Polícia Federal
deflagrasse, em novembro de
2007, a Operação Rodin, prendendo 13 suspeitos de desviar
R$ 44 milhões da autarquia.
As gravações foram feitas por
Ferst, acusado de ser um dos líderes do desvio do Detran, e foram entregues ao Ministério
Público Federal. Em 2008, a
Folha revelou que ele negociava acordo de delação premiada
com a Procuradoria em troca
de benefício do processo.
Em fevereiro, dirigentes do
PSOL, partido que faz oposição
a Yeda, deram entrevista falando sobre a existência de áudios
e vídeos entregues por Lair
Ferst aos procuradores federais com supostas irregularidades no governo.
Outro lado
Yeda chamou de "requentação" o teor dos áudios citados
pela revista. A tucana disse que
não arrecadou dinheiro diretamente, mas orientou a captação de doações e negou a existência do caixa dois.
Assessores de Yeda vetaram
o acesso da Folha à entrevista
coletiva com a governadora ontem pela manhã, sem dar uma
explicação dos motivos.
Yeda, a emissoras de rádios
gaúchas, disse que Ferst e Koenigkan não têm credibilidade.
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